Fungos que comem plástico podem ajudar a reduzir poluição dos oceanos (veja o vídeo)

Cientistas alemães descobriram fungos que se alimentam de plástico, mas avisam que o mais importante é reduzir a entrada de embalagens e outros detritos no ambiente, onde levam décadas a degradar-se.

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Menos de 10% dos resíduos de plástico são reciclados em todo o mundo, muitos vão parar aos oceanos GettyImages
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Cientistas alemães identificaram fungos que se alimentam de plástico e que podem ser uma esperança para resolver o problema dos milhões de toneladas de resíduos que poluem os oceanos todos os anos. Mas os investigadores alertam para o facto de o seu trabalho ser apenas uma pequena parte da solução para a poluição por plásticos e sublinham que, mais importante, é necessário reduzir a entrada de embalagens de alimentos e outros detritos no ambiente, onde podem levar décadas a degradar-se.

Uma análise no Lago Stechlin, no nordeste da Alemanha, sobre a forma como estes minúsculos fungos se desenvolvem em alguns plásticos, sem outra fonte de carbono para se alimentarem, demonstrou claramente que alguns deles são capazes de degradar polímeros sintéticos, afirmou o chefe da equipa.

"A descoberta mais surpreendente do nosso trabalho (...) é que os nossos fungos podem crescer exclusivamente em alguns dos polímeros sintéticos e até formar biomassa", disse Hans-Peter Grossart, chefe do grupo de investigação do Instituto Leibniz de Ecologia de Água Doce e Pescas Interiores, à Reuters TV.

Grossart acredita que os destruidores microbianos de plástico podem ser utilizados em estações de tratamento de esgotos ou noutras instalações com condições controladas. No entanto, é pouco provável que os fungos sejam uma solução para travar o fluxo global de resíduos.

"Devemos tentar libertar o mínimo de plástico possível no ambiente", disse Grossart à Reuters. "O plástico é feito de carbono fóssil e se os fungos o decompuserem, não é diferente de queimarmos petróleo ou gás e libertarmos CO2 para a atmosfera".

Das 18 estirpes de fungos seleccionadas, quatro revelaram-se particularmente "famintas", o que significa que podem utilizar eficientemente os plásticos, especialmente o poliuretano, que é utilizado para fazer espuma de construção.

O polietileno, utilizado em sacos de plástico e embalagens, foi muito mais lento a degradar-se, e os microplásticos provenientes da abrasão dos pneus foram os mais difíceis, em grande parte devido a aditivos como os metais pesados.

Grossart, que tem vários artigos publicados sobre esta matéria, disse acreditar que a capacidade dos fungos para utilizar o plástico é uma adaptação às grandes quantidades de carbono plástico no ambiente.

No entanto, a sua actividade enzimática está fortemente dependente de condições externas, como a temperatura ou os micronutrientes.

Em 2021, foram produzidas cerca de 390 milhões de toneladas de plástico em todo o mundo, segundo dados da associação de produtores de plásticos Plastics Europe, contra 1,7 milhões de toneladas em 1950. Embora a taxa de reciclagem tenha aumentado nos últimos anos, menos de 10% dos resíduos de plástico são reciclados em todo o mundo.

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