Ucrânia atravessa fronteira russa e desencadeia novas batalhas na região de Kursk

“O regime de Kiev lançou outra grande provocação”, disse, já nesta quarta-feira, o Presidente russo, Vladimir Putin.

Foto
Soldado ucraniano na linha da frente Ukrainian Armed Forces/Handou
Ouça este artigo
00:00
03:12

As autoridades russas adiantaram, na quarta-feira, que estavam a travar intensos combates contra as forças ucranianas que tinham penetrado na região de Kursk, numa das maiores incursões na Rússia desde o início da guerra na Ucrânia, em Fevereiro de 2022.

A Rússia avançou este ano após o fracasso da contra-ofensiva da Ucrânia em 2023 em obter grandes ganhos, e tomou 420km2 de território às forças ucranianas desde 14 de Junho, disse Sergei Shoigu, chefe do conselho de segurança da Rússia. A Ucrânia ripostou na terça-feira – e os combates continuaram durante a noite e na quarta-feira, com as forças ucranianas a avançarem para noroeste da cidade fronteiriça de Sudja, 530km a sudoeste de Moscovo, segundo o Ministério da Defesa russo.

“O regime de Kiev lançou outra grande provocação”, disse o Presidente russo, Vladimir Putin, aos membros do Governo russo sobre o ataque a Kursk. Putin afirmou que as forças ucranianas estavam a disparar “indiscriminadamente” contra uma série de alvos civis na região e disse que em breve teria uma reunião com altos funcionários do Ministério da Defesa e do Serviço Federal de Segurança.

Tanto Kiev como Moscovo afirmam que não têm como alvo os civis na guerra, desencadeada pela invasão em grande escala da Rússia. Os canais russos do Telegram divulgaram imagens não verificadas de casas bombardeadas. Alexei Smirnov, o governador interino da região de Kursk, disse que havia vítimas, mas não deu um número exacto de mortos, e apelou aos cidadãos para doarem sangue.

Segundo Alexei Smirnov, um drone de ataque ucraniano atingiu uma ambulância nos arredores da cidade, matando o motorista e um paramédico e ferindo um médico. Sudja é o último ponto de transbordo operacional para as exportações de gás russo para a Europa através da Ucrânia. A apenas 60km de distância, a nordeste, encontra-se a central nuclear russa de Kursk.

Segundo a Reuters, a Ucrânia não comentou até agora os acontecimentos. Já na terça-feira, a Rússia tinha enviado reservas para ajudar a reforçar as defesas russas.

Momento crucial

As batalhas em torno de Sudja ocorrem num momento crucial do conflito, a maior guerra terrestre na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. A Ucrânia está a perder território e Kiev está profundamente preocupada com a possibilidade de o apoio dos EUA diminuir, se Donald Trump ganhar as eleições de Novembro nos Estados Unidos.

Trump disse que iria acabar com a guerra; por isso, tanto a Rússia como a Ucrânia estão ansiosas por ganhar a posição negocial mais forte possível no campo de batalha. Shoigu disse na terça-feira que a janela para a paz estava a estreitar-se e que quanto mais tempo demorasse para que Kiev começasse a falar sobre os termos, mais cara seria a paz para o povo ucraniano.

Os bloggers militares russos relataram combates intensos e disseram que a Ucrânia tinha penetrado cerca de 10-15km dentro da fronteira russa. O Ministério da Defesa afirmou que continuava a combater as unidades ucranianas “nas áreas da região de Kursk directamente adjacentes à fronteira russo-ucraniana”. As forças russas destruíram blindados ucranianos, incluindo sete tanques.

As forças que se descrevem como paramilitares voluntários que lutam do lado da Ucrânia penetraram em partes da região de Belgorod e Kursk este ano, desencadeando um grande esforço das tropas russas para criar uma zona tampão no Nordeste da Ucrânia.