Taxas Euribor sobem, mas não anulam as quedas da véspera

Expectativa de que o BCE seja mais ambicioso no corte de taxas em Setembro está a acelerar a queda das Euribor.

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Redução das taxas Euribor acelerou em Agosto Manuel Roberto
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As taxas Euribor subiram nesta quarta-feira, anulando parte das quedas verificada na véspera, quando registaram as maiores descidas em mais de um ano. A forte queda é explicada pela instabilidade que se vive nos mercados bolsistas, em grande parte devido aos receios de que a economia norte-americana possa entrar em recessão. Esta possibilidade poderá obrigar a acelerar o corte de juros nos bancos centrais, em particular nos EUA, mas também na Europa.

A expectativa é a de que o Banco Central Europeu (BCE) proceda a mais um corte nas suas taxas directoras na próxima reunião, a realizar em Setembro, mas está em aberto a dimensão desse corte.

A descida mais pronunciada das Euribor é positiva para as famílias com crédito à habitação associado a estas taxas, uma parte dos quais já sentiu uma redução dos encargos, mas ainda pouco significativa face à forte subida dos juros registada nos últimos dois anos.

Depois de uma descida de 0,1 pontos percentuais nesta terça-feira, a Euribor a 12 meses recuperou hoje cerca de metade, ou, mais concretamente, 0,054 pontos, para 3,192%. Trata-se do patamar diário mais baixo desde 21 de Dezembro de 2022. E desde o valor mais alto verificado no ano passado, de 4,228% (a 29 de Setembro), esta taxa já perdeu 100 pontos percentuais.

Este prazo está cada vez mais perto dos 3%, valor que se espera que seja atingido até ao final do ano. A expectativa de redução para os 3% também é extensível às taxas a três e a seis meses, sendo que o contrato de futuros da Euribor a três meses com vencimento em Dezembro aponta mesmo para um valor ligeiramente abaixo desta barreira.

A taxa Euribor a seis meses, actualmente a mais utilizada no crédito à habitação existente, ganhou 0,065 pontos percentuais, para 3,462%. Esta subida fica, no entanto, abaixo da queda de 0,097 pontos registada na véspera. O actual nível é o mais baixo desde 12 de Abril do ano passado.

Também o prazo mais curto, a taxa a três meses, recuperou 0,046 pontos, para 3,569%, depois de ter caído 0,061 pontos na véspera. Este prazo é o que apresenta valor mais elevado e o que tem caído menos face ao máximo de 4,002% registado a 19 de Outubro do ano passado.

A revisão dos contratos à habitação a taxas variáveis, ou seja, assentes nas taxas Euribor, é feita com as médias do mês anterior. Assim, os valores de Agosto influenciarão as revisões a ocorrer em Setembro, que serão sempre de redução das prestações, dadas as quedas já acumuladas, mas poderão ser maiores se a actual tendência se mantiver até ao final do mês.

A “alimentar” as descidas acumuladas pelas taxas Euribor tem estado o início do corte das taxas directoras do BCE, em 0,25 pontos percentuais, decidida em Junho, um pequeno corte face às fortes subidas realizadas nos dois anos anteriores. A taxa de facilidade permanente de depósito, a que tem maior influência na evolução das Euribor, caiu, assim, para 3,75%.

O controlo da inflação tem sido a maior preocupação do BCE e dos restantes bancos centrais, o que tem tido impacto negativo no crescimento económico.

As Euribor são fixadas diariamente, no mercado interbancário, pela média das taxas a que um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si.

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