Regime híbrido aumenta e abrange 403 mil trabalhadores

No segundo trimestre de 2024, um quinto dos trabalhadores estava em teletrabalho. Modelos híbridos são os mais populares e aumentaram 19,2%.

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Teletrabalho ganha expressão no mercado laboral Paulo Pimenta
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O teletrabalho e os regimes híbridos continuam a ganhar expressão em Portugal. No segundo trimestre de 2024, mais de um milhão de pessoas trabalharam em casa e, destas, cerca de 403 mil combinaram trabalho presencial com trabalho remoto. Trata-se do número mais elevados desde 2022 e um aumento de 19,2% face ao trimestre homólogo.

Os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) dão conta de um aumento generalizado destas modalidades de trabalho, sobretudo dos regimes híbridos, e confirmam uma tendência que já se verificava nos inquéritos anteriores.

O número de pessoas que combinam trabalho remoto e no escritório não só aumentou face a 2023, como atingiu o nível mais elevado desde o segundo trimestre de 2022 (período para o qual há dados comparáveis), passando de 265,8 mil para 338 mil no segundo trimestre de 2023, até aos actuais 402,9 mil.

Além disso, esta modalidade continuou a ganhar peso no total de trabalhadores remotos (1,072 milhões): era de 27,6%, em 2022; passou para 34,5%, em 2023; e fixou-se em 37,6% no período mais recente.

O regime híbrido é mais comum nas mulheres (51%), nas pessoas com 35 ou mais anos (71%), com o ensino superior (77%) e a trabalhar no sector dos serviços (87%). De acordo com o INE, estes trabalhadores fizeram, em média, três dias em casa e dois no escritório.

As estatísticas agora conhecidas vão ao encontro do inquérito feito pelo PÚBLICO a 12 grandes empresas nacionais e multinacionais que, na sua maioria e após a experiência de teletrabalho forçado durante a pandemia de covid-19, adoptaram o modelo híbrido. Também os especialistas em recursos humanos e saúde mental apontam esta modalidade como a mais equilibrada.

Um quinto estava em teletrabalho

Olhando agora para o universo de pessoas que estava em teletrabalho e considerando o total da população empregada, conclui-se que cerca de um quinto exerceu as suas funções remotamente com recurso a tecnologias de informação e comunicação (TIC).

Estes trabalhadores totalizavam 1,031 milhões, valor que compara com as 927,8 mil pessoas que, no segundo trimestre de 2023, estavam em teletrabalho e que representavam 18,4% do total do emprego.

No segundo trimestre de 2024, sublinha o INE, "este regime de prestação de trabalho abrangeu 20,2% do total da população empregada, mais 0,2 pontos percentuais do que no trimestre anterior e mais 1,9 pontos percentuais do que em igual período de 2023”.

Até à pandemia, o teletrabalho não era muito utilizado pelas empresas e pelos trabalhadores. Mas desde então, e de acordo com os dados solicitados ao INE, a utilização do teletrabalho tem-se vindo a acentuar. Olhando para os dados comparáveis (e que foram calibrados com os resultados dos Censos de 2021), no início de 2022 esta modalidade abrangia 906,7 mil pessoas. No primeiro trimestre de 2024 foi ultrapassada a barreira de um milhão de trabalhadores e, agora, essa evolução acentuou-se.

O inquérito do INE permite ainda concluir que 66% das pessoas abrangidas por teletrabalho residem na região da Grande Lisboa e no Norte, mais de metade são mulheres e 47% têm 45 e mais anos de idade.

Os dados revelam também que estes regimes de trabalho são mais frequentes nos serviços (sector de onde são oriundas quase 88% das pessoas em teletrabalho) e entre os trabalhadores com o ensino superior, em particular os especialistas de actividades intelectuais e científicas.

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