Japão: bolsa sobe com ajuda do banco central
Depois da queda abrupta de segunda-feira e da forte recuperação de terça, a bolsa no Japão voltou a ter um dia volátil, mas com os índices em terreno positivo.
Os esforços dos bancos centrais para acalmar os mercados funcionaram e, apesar da forte volatilidade registada nas cotações, os principais índices da bolsa do Japão voltaram nesta quarta-feira a registar uma subida.
Numa sessão que começou de forma negativa, com uma quebra que chegou a ser de 2%, mas que terminou em recuperação, o índice Nikkei da bolsa de Tóquio terminou o dia com uma valorização face ao dia anterior de 1,19%. É um resultado positivo que se segue à queda abrupta de 12,4% registada na segunda-feira, que foi o pior resultado desde Outubro de 1987, e à subida acentuada de perto de 10% conseguida na terça-feira.
Para a inversão de tendência registada a meio da sessão desta quarta-feira, contribuíram decisivamente as declarações do influente vice-governador do banco central do Japão. Aquilo que Shinichi Uchida fez foi garantir aos investidores que a autoridade monetária vai ter em conta a situação de grande nervosismo que se vive actualmente nos mercados e não irá prosseguir com a sua tentativa de elevar as taxas de juro no Japão enquanto tudo não estiver mais calmo.
“Como estamos a ver uma volatilidade aguda nos mercados financeiros domésticos e internacionais, é necessário por enquanto manter os actuais níveis de desafogo monetário”, afirmou o vice-governador num discurso realizado a meio da sessão, numa altura em que a bolsa de Tóquio registava perdas. Nos minutos logo a seguir, assistiu-se a uma inversão da tendência no valor das acções.
No Japão, as taxas de juro têm estado, ao longo dos últimos anos, a níveis extraordinariamente baixos, com o banco central a tentar, algumas vezes sem sucesso, combater o risco persistente de deflação que ameaça a economia nipónica há já várias décadas.
No entanto, nos últimos meses, depois de a inflação ter registado uma subida, o Banco do Japão sentiu que poderia ser a altura para dar alguns passos no sentido de uma normalização da sua política, realizando uma primeira subida das taxas de juro e sinalizando que poderia manter essa tendência nos próximos meses.
Esta é, contudo, uma das razões agora apontadas para a turbulência a que se vem assistindo nos mercados esta semana. Uma das explicações para a queda de 12,4% registada na bolsa de Tóquio na segunda-feira está no facto de, com a Reserva Federal (Fed) e o BCE a começarem a descer taxas de juro, e o banco central do Japão a subir, muitos investidores estarem a antecipar o fim de um diferencial muito acentuado de taxas que os levava a obter financiamento na economia nipónica para realizar investimentos no exterior.
Já na segunda-feira, numa altura em que a bolsa nos Estados Unidos arriscava uma queda acentuada, a Reserva Federal norte-americana teve um papel fundamental no regresso de alguma tranquilidade aos mercados, quando um dos seus responsáveis relativizou o significado dos dados do emprego menos positivos de Julho e sinalizou que, embora uma descida de taxas esteja no horizonte, o alívio das condições monetárias não irá ser feito de forma brusca.
Perante estas declarações, mais confiantes que as autoridades monetárias irão adoptar uma atitude prudente na definição das suas políticas, os mercados parecem estar agora mais descansados. No entanto, a expectativa é a de manutenção de um clima de algum nervosismo, com qualquer indicador económico, seja no Japão, seja na Europa ou nos Estados Unidos, a poder relançar o receio de uma nova fuga dos investidores do mercado de acções para activos mais seguros, como algumas divisas ou obrigações.