Especialista português dá dicas para controlar hipertensão arterial

A hipertensão arterial é a principal causa de morte em todo o mundo. É um dos factores de risco para os acidentes vasculares cerebrais, entre outros.

Foto
Aparelho de medição da tensão arterial Manuel Roberto
Ouça este artigo
00:00
02:35

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

Baixa literacia, inércia médica e regimes terapêuticos complexos são as principais causas para que a hipertensão arterial não esteja controlada, realidade que a Sociedade Europeia de Hipertensão quer alterar com dicas para médicos e doentes, descreve um dos autores de um novo plano.

“Há um mau controlo conhecido [da hipertensão arterial] em todo o mundo. Apesar de existirem ferramentas, há várias causas para não haver controlo adequado: não-adesão ao tratamento, baixa literacia, inércia médica e regimes terapêuticos complexos. Há 60% dos doentes que não estão controlados. Nas melhores estatísticas, a taxa de controlo é de 40%”, disse Jorge Polónia, professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).

A hipertensão arterial é a principal causa de morte em todo o mundo. É um dos factores de risco para os acidentes vasculares cerebrais, entre outros.

O médico e investigador português, que é especialista nesta área e que faz parte do grupo europeu que tem vindo a publicar orientações (guidelines) sobre o tema, descreveu à agência Lusa o que consta do novo plano europeu para melhorar os cuidados de saúde às pessoas com hipertensão arterial, elaborado pela Sociedade Europeia de Hipertensão.

“A ideia foi criar uma guideline muito prática para facilitar a vida aos clínicos”, resumiu Jorge Polónia. Este plano foi publicado num artigo na revista European Journal of Internal Medicine, encontrando-se o investigador português entre os autores. Jorge Polónia, que é especialista e consultor sénior de Hipertensão na Unidade de Hipertensão do Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, já tinha sido co-autor das orientações da Sociedade Europeia de Hipertensão publicadas em 2013, 2018 e 2023.

O plano, muito dirigido aos médicos, nomeadamente médicos de família e médicos que tratam a hipertensão, aconselha o reforço da relação entre profissionais, utilizando as novas tecnologias e apela a uma abordagem muito individualizada das pessoas com mais de 80 anos.

A grande maioria dos doentes hipertensos são doentes com idade avançada e essas pessoas são muito vulneráveis. A ideia é individualizar a terapêutica, tendo em conta a autonomia do doente, a sua fragilidade, a sua dependência e os níveis cognitivos, referiu o também investigador do Cintesis – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, sediado na Universidade do Porto.

Dados enviados à agência Lusa pela FMUP dão conta de que com este plano pretende-se ainda simplificar a prescrição, promover o acesso a estratégias de prevenção e tratamento e envolver os vários profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, farmacêuticos, psicólogos, nutricionistas, entre outros) no seguimento do doente.