Calor extremo de Julho provocou “impactos devastadores”, avisa OMM

Os dados de Julho são mais uma indicação de como os gases com efeito de estufa provenientes das actividades humanas estão a alterar o clima, alerta a Organização Meteorológica Mundial (OMM).

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"Isto está a tornar-se demasiado quente para suportar", afirma a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo Daniel Garrido/ GettyImages
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O calor extremo de Julho provocou "impactos devastadores" em centenas de milhões de pessoas, tendo-se registado o dia mais quente no mundo desde que há registos, destacou esta quarta-feira a Organização Meteorológica Mundial (OMM).

O balanço sobre as temperaturas do mês passado que a OMM divulga neste momento não conclui se Julho foi o mês mais quente de sempre (as temperaturas médias globais durante 13 meses consecutivos, até Junho de 2024, foram todas recordes), mas, ainda assim, a OMM avisa que os dados de Julho são mais uma indicação de como os gases com efeito de estufa provenientes das actividades humanas estão a alterar o clima.

E sublinham também a urgência do apelo à acção sobre o calor extremo lançado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres.

"Ondas de calor generalizadas, intensas e prolongadas atingiram todos os continentes no último ano. Pelo menos dez países registaram temperaturas diárias superiores a 50 graus Celsius em mais do que um local. Isto está a tornar-se demasiado quente para suportar", afirmou a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo.

Alertas para salvar vidas

A organização da ONU está empenhada em responder ao apelo à acção de António Guterres, com melhores alertas precoces e planos de acção para a saúde devido ao calor, acrescentou. Alertas para 57 países podem salvar quase 100.000 vidas por ano, estima a OMM.

"A adaptação às alterações climáticas, por si só, não é suficiente. Temos de atacar as causas profundas e levar a sério a redução dos níveis recorde de emissões de gases com efeito de estufa", afirmou Celeste Saulo citada no comunicado.

Sobre o mês passado, a OMM recorda que globalmente o dia 22 foi o mais quente e o dia 23 foi praticamente um empate. Ainda que a variabilidade climática natural possa ter um papel importante, anomalias de temperatura tão elevadas, como superiores a 10 graus Celsius na Antárctida, são invulgares, realça a organização.

Por regiões, na Ásia, em Julho, o Japão e a China tiveram a temperatura média mensal mais elevada de sempre, a Índia teve o segundo mês de Julho mais quente de que há registo, e o Paquistão e o Irão sofreram ondas de calor repetidas.

Em África, Marrocos suportou duas vagas de calor consecutivas e na Europa muitas zonas do Mediterrâneo e dos Balcãs também sofreram ondas de calor prolongadas. A vaga de calor que atingiu vários países, incluindo Portugal, não teria ocorrido sem as alterações climáticas induzidas pelo homem, segundo um estudo científico, citado pela OMM.

Vários países, incluindo a Grécia, a Hungria, a Eslovénia, a Croácia e a Bulgária, registaram o mês de Julho mais quente de que há registo. Nos últimos quatro anos, a Grécia registou três dos quatro meses de Julho mais quentes dos últimos 80 anos, pelo menos.

Na América do Norte, os Estados Unidos também não escaparam a recordes de temperatura (mais de 80 recordes) e na América do Sul, onde é agora Inverno, alguns países registaram temperaturas mais típicas de Verão, acima dos 30 e 35 graus Celsius em partes da Bolívia, Paraguai, Sul do Brasil, Uruguai e Norte da Argentina.