Há menos 723 candidatos ao superior do que no ano passado, mas ainda acima dos números pré-pandemia

Candidaturas à 1.ª fase do concurso de acesso ficaram abaixo das 59 mil, ainda assim um número relativamente próximo do verificado nos últimos anos. As colocações serão conhecidas a 25 de Agosto.

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O concurso nacional de acesso disponibiliza este ano 54.601 vagas Nelson Garrido/Arquivo
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O período de candidaturas à 1.ª fase do concurso nacional de acesso terminou na segunda-feira com 58.641 estudantes a pretenderem ingressar no ensino superior público nesta fase, segundo os dados disponibilizados pela Direcção-Geral do Ensino Superior. São menos 723 candidatos do que no ano passado e, apesar da diminuição — que se registara já em 2023 —, o número continua a ultrapassar os máximos históricos registados antes da pandemia de covid-19.

Em 2020, 2021 e 2022, o número de candidatos na 1.ª fase do concurso nacional de acesso esteve acima dos 60 mil, tendo sido fixado um recorde de 63.878 estudantes em 2021. Em 2022, registou-se já uma ligeira diminuição, com 61.835 alunos a manifestarem a intenção de entrar no ensino superior. No ano passado, esse número baixou dos 60 mil estudantes. Por comparação, em 2019, ainda sem pandemia de covid-19, concorreram 51.463 alunos.

Para o presidente da Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior (CNAES), António Fontainhas Fernandes, esta diminuição no número de candidaturas está "em linha com a quebra demográfica", notando, contudo, que continua "muito acima" das registadas no período pré-pandemia.

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"Este número demonstra uma confiança no ensino superior. A formação superior, além de ser um elevador social, é uma porta de entrada para o mercado de trabalho melhor remunerado", considerou.

Para a presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, Maria José Fernandes, esta diminuição no número de candidatos também já era expectável, face à própria evolução da população estudantil. E considera que é importante não "dramatizar", até porque existem outras vias de acesso, como os cursos técnicos superiores profissionais (Ctesp).

No entanto, a também presidente do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA) nota que é preciso estar a atento a esta evolução, que poderá, inclusive, ser invertida com o crescente número de alunos estrangeiros que tem chegado às escolas e com os quais é preciso trabalhar. "Temos de fazer o nosso papel, que é continuar a promover o ensino superior e esperar que o Governo também o faça", alertou Maria José Fernandes.

Segundo Fontainhas Fernandes, a CNAES tem recebido cada vez mais pedidos de equivalência de cursos de ensino secundário estrangeiro ao ensino secundário português, reconhecendo que há uma maior procura de alunos estrangeiros pelo ensino superior no país. E, por isso, é também preciso que as instituições de ensino estejam atentas. "A plateia com que nos defrontamos na sala de aula é diferente. Há mais alunos de cursos profissionais, por exemplo, ou mesmo alunos estrangeiros. As instituições têm de estar atentas a isso. À entrada [na ensino superior] é que se mata a questão do insucesso", notou, realçando que um dos maiores desafios das instituições de ensino superior é combater o abandono escolar.

Recorde-se que para conter os efeitos da pandemia, as regras de ingresso foram alteradas: os exames nacionais deixaram de ser obrigatórios para a conclusão do ensino secundário, sendo realizados apenas pelos alunos que pretendiam aceder ao ensino superior e às provas específicas exigidas pelos cursos em que queriam entrar. Este contexto terá contribuído para o aumento de candidaturas, segundo foram dando conta especialistas e responsáveis das instituições de ensino superior.

Este ano, essa regra manteve-se ainda para os alunos do 12.º ano. Mas, para o ano, já será diferente, uma vez que há um novo modelo de exames do secundário, que está a ser aplicado de forma gradual. Em linhas gerais, os exames nacionais passam a valer 25% na classificação final da disciplina e será obrigatória a realização de três exames para concluir o secundário: Português no 12.º ano, que passa a ser obrigatório para todos os alunos dos quatro cursos científico-humanísticos (Ciências, Economia, Humanidades e Artes Visuais), e mais dois exames à sua escolha (incluindo pelo menos um da formação específica).

Também no concurso de acesso do próximo ano, as regras vão mudar: os exames nacionais vão ter um peso mínimo de 45% para a média de ingresso e a média do ensino secundário valerá, no mínimo, 40%. Ao contrário do que acontecia até agora, o peso das provas de ingresso não pode ser inferior ao peso da classificação final do secundário. Isto significa que as instituições de ensino superior poderão atribuir um peso máximo de 60% às notas das provas de ingresso. Além disso, o número de provas de ingresso exigidas no concurso nacional de acesso passa para duas a três provas (actualmente eram exigidas entre uma e três provas), a definir pelas instituições de ensino superior.

Os resultados das colocações são conhecidos a 25 de Agosto. Este ano, o concurso nacional de acesso disponibiliza 54.601 vagas, a que se somam ainda 712 vagas previstas para o concurso local – que, pelas características dos cursos, é organizado pelas próprias instituições de ensino​ superior –, o que totaliza uma oferta de 55.313 vagas para o regime geral.

A 2.ª fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior decorrerá de 26 de Agosto a 4 de Setembro.

Notícia actualizada às 17h32: Acrescenta declarações do presidente da Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior, António Fontainhas Fernandes

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