Ex-líder dos Super Dragões e mulher acusados de 31 crimes, 19 dos quais de coacção agravada
Ministério Público acusa 12 pessoas ligadas à claque do FC Porto e pede que todos fiquem impedidos de ir a recintos desportivos.
O ex-líder dos Super Dragões, Fernando Madureira, e a mulher foram acusados esta terça-feira de 31 crimes, dos quais 19 de coacção agravada no âmbito do processo conhecido como Operação Pretoriano, que levou à detenção de várias pessoas em Janeiro passado.
Madureira é o único arguido deste caso que ainda permanece em prisão preventiva, uma medida de coacção que o Ministério Público entende que se deve manter, apesar de há uns dias a defesa do antigo líder da claque portista ter pedido a sua substituição por apresentações às autoridades ou por prisão domiciliária. Há ainda um outro arguido, Vítor Silva, que está obrigado a permanecer na habitação, com pulseira electrónica.
No centro deste caso estão as agressões e o clima de ameaça e coacção levadas a cabo por membros da claque portista na assembleia-geral extraordinária do clube realizada em Novembro do ano passado, onde ocorreram vários confrontos.
Do rol de acusados fazem parte 12 arguidos, todos acusados dos mesmos crimes: 19 de coacção agravada; sete de ofensa à integridade física no âmbito de espectáculo desportivo; três de atentado à liberdade de informação; um de instigação pública a um crime e outro de arremesso de objecto. Há ainda um dos arguidos que responde pelo crime de detenção de arma proibida.
Para todos, o Ministério Público pede uma sanção acessória: que fiquem interditados de aceder a recintos desportivos por um período entre um e cinco anos.
Para outros dois arguidos, suspeitos de um crime de ofensa à integridade física, a procuradora Graça Ferreira, que assina o despacho final deste inquérito, decidiu separar os respectivos casos e admitindo vir a suspender provisoriamente aqueles processos.
A procuradora admite que os elementos dos Super Dragões podem ter tido apoio da cúpula do FC Porto, mas diz que não foi feita prova dessa colaboração. "Uma boa parte das testemunhas ouvidas referiram, acentuando essa nota, a passividade e imperturbabilidade com que os acontecimentos foram acompanhados pela Mesa da Assembleia-Geral", refere a magistrada, que, contudo, sublinha que tal pode ter várias explicações.
Destaca ainda a surpresa no facto de quando foram analisadas as imagens de videovigilância do Pavilhão Dragão Arena, onde decorreu a reunião, se tenha constatado que na altura "coincidente com um pico de agressividade e alteração na ordem da assembleia", as câmaras tenham sido "subitamente mudadas para outro ponto desse espaço, não se tendo perscrutado motivo atendível para súbita alteração".
A magistrada afirma que tal poderia ser visto "como expressão de prévia conivência com os serviços de segurança do FC Porto no sentido de ocultar os comportamentos do líder dos Super Dragões", contudo, conclui que "tais suspeitas não foram robustecidas pela prova realizada".