Primeiro-ministro britânico quer condenações “rápidas” para os desordeiros

“Não se tratou de um protesto, tratou-se de violência”, declarou o líder trabalhista, que considerou “intolerável” o facto de as mesquitas terem sido alvo de ataques.

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Manifestante atira um objecto contra a polícia durante uma manifestação anti-imigração em Rotherham, no domingo Hollie Adams / REUTERS
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O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, considerou esta segunda-feira como prioritária a obtenção de condenações "rápidas" para os desordeiros envolvidos nos violentos confrontos dos últimos dias, após ter presidido a uma reunião de crise em Downing Street.

Em declarações à televisão britânica, o chefe do Governo trabalhista sublinhou que a sua prioridade “absoluta” é pôr fim à desordem e que “as sanções penais devem ser rápidas”.

Starmer, que falava no final de uma reunião do comité de emergência Cobra, em que participaram ministros, chefes de polícia e serviços de segurança, para analisar os tumultos e tomar medidas se estes continuarem nos próximos dias, insistiu que todo o "peso da lei" será aplicado aos responsáveis pela violência do fim-de-semana.

"Não se tratou de um protesto, tratou-se de violência", declarou o líder trabalhista, que considerou “intolerável” o facto de as mesquitas terem sido alvo de ataques.

Starmer reafirmou que haverá espaço suficiente nas prisões para prender os responsáveis pelo arremesso de todo o tipo de objectos, como pedras e garrafas, contra os agentes da autoridade e pelo ataque a mesquitas e a um hotel que acolhe requerentes de asilo.

Segundo a mais recente actualização da polícia britânica, 378 pessoas foram detidas na sequência da violência que eclodiu sábado em várias cidades britânicas durante protestos de extrema-direita.

"Mas vamos fazer com que isto funcione e vamos certificar-nos de que temos os lugares necessários [para as prisões] para levar rapidamente os responsáveis à justiça", acrescentou.

Entre outras questões, o primeiro-ministro britânico alertou para o facto de o direito penal dever ser aplicado “tanto online como offline”, para que as pessoas que cometem crimes na Internet - numa clara referência ao incitamento à violência - sejam tratadas da mesma forma.

Questionado sobre se irá convocar o Parlamento, como vários deputados estão a pedir, Starmer disse que a prioridade agora é garantir que as ruas do país se tornem seguras para todos.

"O meu objectivo é garantir que se ponha fim a esta desordem e que as sanções penais sejam rápidas", afirmou.

Um porta-voz de Downing Street disse que, no final da reunião de emergência, o primeiro-ministro prestou homenagem ao trabalho dos agentes da polícia que tentaram controlar os motins e que centenas de pessoas tinham sido detidas.

"A polícia continua a utilizar recursos adicionais em todo o país, em locais estratégicos, sempre que necessário", acrescentou o porta-voz.

As tensões aumentaram na sequência do ataque à facada de 29 de Julho num centro recreativo em Southport, no Noroeste de Inglaterra, em que três raparigas foram mortas e oito crianças e dois adultos ficaram feridos.

O autor do ataque, Axel Rudakubana, de 17 anos, nascido no País de Gales e filho de pais ruandeses, foi acusado do assassínio das raparigas e da tentativa de assassínio de outras dez pessoas, mas a ira entre os grupos de extrema-direita cresceu quando se espalhou nas redes sociais a informação incorrecta de que o atacante era um requerente de asilo que tinha atravessado o Canal da Mancha de barco.