Triatleta belga internada com E.coli depois de nadar no Sena
Claire Michel está infectada com a bactéria E.coli há vários dias depois de ter participado numa prova no rio Sena. A Bélgica retirou-se da prova de estafetas mistas desta segunda-feira.
A atleta de triatlo belga Claire Michel está infectada há quatro dias com E.coli e foi, inclusivamente, internada. A infecção surgiu depois de ter participado no triatlo individual no rio Sena. Em resposta, o Comité Olímpico belga decidiu retirar a sua equipa da prova de triatlo de estafetas mistas desta segunda-feira.
Jolien Vermeylen, uma outra triatleta belga, já tinha criticado a qualidade da água do rio francês depois da prova de triatlo, na qual assumiu ter visto e sentido coisas que prefere "não relembrar".
Também Adrien Brifford, da Suíça, que tinha competido na prova individual de triatlo, sofreu uma infecção de estômago. No entanto, o Comité Olímpico suíço não conseguiu estabelecer uma relação entre a doença e o facto de o atleta ter nadado no Sena. A equipa da Suíça manteve-se, contudo, na prova de estafetas mistas.
A poluição do rio já tinha provocado adiamentos de treinos e provas ao longo dos Jogos Olímpicos. Um mês antes do início dos Jogos, o Sena apresentava valores de bactérias fecais dez vezes superiores aos permitidos para nadar.
No entanto, a 31 de Julho, foram realizadas novas análises e foi concedida autorização para a realização de competições no Sena. Esses níveis, porém, eram instáveis e poderiam rapidamente mudar perante chuvas fortes ou um movimento de defecação colectivo como aquele que chegou a estar planeado para Junho, em protesto contra os gastos com os Jogos Olímpicos. O movimento do "cocó" não aconteceu, mas a cerimónia inaugural, realizada no Sena, ocorreu sob precipitação intensa — choveu o equivalente a 15 dias de chuva moderada.
Entre avanços e recuos, o Comité Olímpico organizador nunca forneceu uma alternativa viável para as provas que envolvem águas abertas. Por isto, se o Comité francês mantiver a decisão de realizar as provas no Sena, a 8 de Agosto, a atleta portuguesa Angélica André mergulhará no rio para a prova de 10 quilómetros de águas abertas.
O Comité Olímpico de Portugal (COP) não forneceu informações novas, mas a 27 de Julho José Gomes Pereira, director de Medicina Desportiva do COP, dizia que aguardariam pelas análises à água: "Caso se realizem provas no Sena, é necessário ter acesso aos resultados das análises para, assim, nos prepararmos e protegermos os nossos atletas, se necessário, com agentes anti-infecciosos de nível cutâneo."
Esta segunda-feira, os portugueses Ricardo Batista, Melanie Santos, Vasco Vilaça e Maria Tomé participaram no triatlo de estafetas mistas e conseguiram o quinto lugar.
O Governo francês adoptou a missão hercúlea de limpar o rio Sena em 2016. Desde então, foram investidos cerca de 1,4 mil milhões de euros. Este valor causou discórdia em França.
Os elevados níveis de poluição no rio, nomeadamente a avultada presença de bactérias fecais, estreptococos e E.coli, fizeram com que nadar no Sena seja inapropriado e perigoso desde 1923. A bactéria, ao instalar-se no intestino, pode provocar sintomas como diarreia, sangue, cólicas, vómitos e febre.