Arquitectura
Esta casa dos avós em Gaia rejuvenesceu para acolher os netos
A Casa Couto junta elementos tradicionais, como as carpintarias trabalhadas, a outros contemporâneos, para recordar o tempo dos avós e criar uma nova história para os netos e bisnetos que a habitam.
A casa já era conhecida de um dos proprietários. Quando era criança era conhecida como a “casa dos avós”, décadas depois herdou-a e decidiu que seria a morada ideal para os filhos crescerem. Por tudo isto, era justo que tivesse o apelido da família e, em 2022, passou a chamar-se Casa Couto.
O imóvel fica numa zona central de Gaia. Estava desabitado há tanto tempo que era perigoso caminhar pelos soalhos de madeira, as paredes perderam a cor, os mosaicos estavam em mau estado e tinha sido vandalizado ao ponto de não restar sequer mobília para aproveitar.
As obras, explica ao P3 a arquitecta Alice Ferreira da Silva, “foram profundas”, especialmente no interior, mas ainda foi possível aproveitar a velha escadaria de madeira, as portadas e as portas altas e trabalhadas.
“Via-se que a casa já tinha passado por muitas transformações. Na entrada existia um corredor escuro que permitia o acesso a cada divisão e às escadas. Sentimos necessidade de criar espaços de circulação e manter o corredor, mas abri-lo para trazer luz natural e ventilação. E dar mais brilho a este espaço que é o coração da casa”, destaca.
O brilho de que fala foi conseguido através do mármore claro, do novo pavimento de madeira e da inclusão de novos elementos que, apesar de contemporâneos, combinam com o estilo tradicional da antiga habitação dos avós. “Quisemos manter as características que tornam a casa única e, de certa maneira, a valorizam. As carpintarias, os pés direitos altos e o mármore valorizam estes edifícios porque envelhecem muito bem. E também fazem parte da história desta casa”, justifica Alice Ferreira da Silva.
O projecto, assinado pelo atelier Colajj, ficou concluído em 2023. Nas palavras da arquitecta, a intervenção passou essencialmente por “descascar todos os resquícios do que havia na casa” até só restarem as paredes de pedra e as escadas que dão acesso aos três quartos e casas de banho. No jardim, onde antes só existiam anexos, há agora um espaço relvado. E do que era dos avós ficou o antigo tanque de pedra.
“Grande parte do trabalho que fizemos, como reforçar o pavimento, é invisível, mas foi fundamental.” Sobre os elementos modernos diz que a decisão foi clara: teriam que se “mostrar sem destoar”.