Trump arranjou um debate na Fox News e recusa-se a ir ao que já está marcado na ABC

Kamala Harris afirma que o debate de dia 10 de Setembro na ABC está marcado e que ela lá estará, esteja Trump ou não. O ex-Presidente dá a entender que não comparecerá.

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O rosto de Kamala Harris no comício de Trump em Atlanta: o ex-Presidente voltou a referir-se à identificação racial da vice-presidente dos EUA Elizabeth Frantz / REUTERS
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Afinal, o debate entre Donald Trump e Kamala Harris no dia 4 de Setembro na Fox News era apenas uma proposta do ex-Presidente e candidato republicano à presidência dos Estados Unidos e não um facto consumado, como o próprio dava a entender. E a resposta da campanha da vice-presidente dos EUA não tardou a surgir: o debate está marcado para dia 10 de Setembro na ABC, e já estava ainda Joe Biden era o candidato. A posição dos dois lados dá a entender que não haverá debate.

"É interessante como o ‘a qualquer hora, em qualquer lugar’ se transforma em 'uma hora específica, num espaço seguro específico'", escreveu na rede social X Kamala Harris, que assegurou formalmente na sexta-feira os votos suficientes dos delegados para ser a candidata presidencial do Partido Democrata em vez de Joe Biden, depois da desistência do Presidente. "Estarei lá no dia 10 de Setembro, como concordou. Espero vê-lo lá", acrescentou.

Para o porta-voz de Kamala Harris, citado pela Reuters, Trump “ficou com medo” e, por isso, inventou este debate. Michael Tyler acrescentou, no entanto, que a candidata democrata está aberta ao agendamento de mais debates até às eleições presidenciais de 5 de Novembro, mas depois do debate de 10 de Setembro, com o qual “as duas campanhas já tinham concordado".

No sábado, Trump voltou a escrever na Truth Social sobre o debate na Fox News, que ele queria que fosse com audiência e apresentado por Bret Baier e Martha MacCallum, garantindo que Kamala Harris estava “com medo”, dizendo que a verá a 4 de Setembro ou não a verá "de todo”.

A saída de Biden da corrida presidencial e a entrada em cena de Kamala Harris, a primeira mulher de ascendência indiana e a primeira de ascendência negra na corrida à Casa Branca por algum dos dois principais partidos do país, dinamizaram o eleitorado progressista, aparecendo neste domingo à frente na média de sondagens do site fivethirtyeight, com 45,1% das intenções de votos contra 43,6%, ao mesmo tempo que fez desaparecer a vantagem que Trump tinha nos sete swing states, que podem decidir a eleição, de acordo com a Bloomberg.

No sábado, num comício em Atlanta em que elogiou o Presidente russo, Vladimir Putin, pelo maior acordo de prisioneiros feito com os Estados Unidos desde o tempo da Guerra Fria, Trump atacou o “carácter” de Kamala Harris e “as políticas que promoveu como vice-presidente”, voltando a exprimir as suas dúvidas sobre a questão racial.

O ex-Presidente vem acusando a candidata democrata por só agora assumir o facto de ser negra, quando antes só sublinhava a sua ascendência indiana. Algo que não corresponde à verdade. A vice-presidente é filha de mãe indiana e de pai jamaicano, sempre se identificou como negra e indiana, formou-se numa universidade tradicionalmente negra e fez parte de uma importante irmandade negra.

A reiteração discursiva de Trump em relação à questão racial contrasta com a posição de alguns líderes republicanos que o aconselharam a evitar os ataques a Kamala Harris com base na sua identidade por temerem que isso pudesse virar-se contra eles.

Kamala Harris deverá anunciar esta segunda-feira o nome do seu candidato a vice-presidente. Este domingo recebeu na sua casa em Washington, o governador do Minnesota, Tim Walz, o senador do Arizona, Mark Kelly, e o governador da Pensilvânia, Josh Shapiro. Na sexta-feira, já tinha falado com o secretário dos Transportes, Pete Buttigieg.

Pelo meio, reuniu-se no sábado com a equipa encarregada de vetar os candidatos a vice, não se sabendo se chegou a reunir com os governadores Andy Beshear (Kentucky) e J.B. Pritzker (Illinois), que também figuravam entre os possíveis nomeados.

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