Ministra alemã defende a presença de mísseis dos EUA. “Não é a esperança que nos vai defender da Rússia”
Annalena Baerbock diz que o regresso, previsto para 2026, de armas de longo alcance dos EUA à Alemanha é necessário para dissuadir a Rússia.
A ameaça que a Rússia representa para a Europa exige medidas concretas e não apenas “esperança”, escreveu a ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena Baerbock, num artigo no jornal de grande circulação Bild am Sonntag.
A ministra defendia assim um acordo entre Estados Unidos e Alemanha, feito à margem da cimeira da NATO, em meados de Julho, para o regresso de mísseis americanos de longo alcance à Alemanha em 2026, pela primeira vez desde a década de 1990, segundo a emissora alemã Deutsche Welle.
“Fazer política externa hoje significa reconhecer que o princípio da esperança não nos vai proteger da Rússia de [Vladimir] Putin”, escreveu Baerbock. “O que nos protege é o investimento na nossa própria força e segurança — na União Europeia, na NATO e na Alemanha. E isto inclui a decisão de deslocar sistemas de mísseis de longo alcance americanos.”
Estes sistemas, sublinhou, irão servir como dissuasores e são do interesse não só da Alemanha como de outros países. “Também protegem os polacos, os bálticos e os finlandeses — nossos parceiros que partilham uma fronteira directa com a Rússia e têm visto como esta usa medidas híbridas na fronteira nos últimos meses.”
Os sistemas de mísseis em causa serão do tipo SM-6, Tomahawk e de armas hipersónicas.
O acordo causou polémica na Alemanha, diz a Deutsche Welle, com alguns a afirmar que se trata de um desenvolvimento positivo e outros, incluindo o partido do chanceler, Olaf Scholz, a criticar o plano e a dizer que deveria ser discutido no Parlamento.
Da Rússia, o Presidente, Vladimir Putin, respondendo ao anúncio feito em Julho, ameaçou reiniciar a produção de armas nucleares de alcance intermédio se os Estados Unidos confirmarem a intenção de instalar mísseis na Alemanha ou em qualquer outro ponto da Europa.