Greve dos enfermeiros já fechou blocos operatórios e condicionou serviços

Greve foi convocada pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, que diz que proposta apresentada pelo Governo continua a ser inadmissível, intolerável”.

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Enfermeiros do SNS estão em greve nos turnos da manhã e da tarde para exigir a valorização da carreira e a melhoria das condições de trabalho. Mario Lopes Pereira
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Os enfermeiros do Serviço Nacional de Saúde estão em greve nos turnos da manhã e da tarde para exigir a valorização da carreira e a melhoria das condições de trabalho.

A paralisação que começou às 00:00 de hoje, já encerrou blocos operatórios e condicionou centros de saúde e serviços de internamento em hospitais, avançou o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP). "A expectativa é muito elevada face à ausência de resposta aos problemas dos enfermeiros por parte do Ministério (...). Já sabemos de internamentos com 100% de adesão à greve, disse à agência Lusa a coordenadora da direcção geral do Porto do SEP, Fátima Monteiro.

"Os cuidados paliativos e as unidades de saúde familiares também estão a ser muito afectados, muitos blocos [de cirurgia] estão a 100% também", adiantou sem precisar as localizações.

À porta do Hospital de São João, no Porto, para onde está marcada uma das várias concentrações de enfermeiros de hoje, a dirigente sindical voltou a criticar a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, considerando que esta "insulta" a classe.

A greve foi convocada pelo SEP no dia 16 de Julho, alegando que a apresentação da proposta de alteração das grelhas salariais continuava por cumprir, o que levou à suspensão das negociações na reunião marcada para esse dia.

O SEP voltou a reunir-se na quarta-feira com a ministra da Saúde e no final do encontro o presidente do SEP, José Carlos Martins, afirmou aos jornalistas que a greve se mantinha porque a proposta apresentada pelo Governo continua a ser inadmissível, intolerável”. Afirmou que os enfermeiros têm “razões acrescidas para manifestar a sua fortíssima indignação”.

Segundo José Carlos Martins, o Ministério da Saúde propôs, na grelha salarial da categoria de enfermeiro, um aumento de 52 euros para todas as posições remuneratórias.

Além disso, nas grelhas salariais de enfermeiro-especialista e enfermeiro-gestor, o “Governo propõe não alterar grelha nenhuma”, afirmou o dirigente sindical, adiantando que a proposta prevê, porém, que os enfermeiros que estão nessas categorias possam dar um “salto de uma posição remuneratória”.

Essa proposta significa que, para “quem entrar no futuro, o valor económico do trabalho dos enfermeiros especialistas e chefes se mantém exactamente igual ao que hoje temos”, lamentou.

José Carlos Martins salientou ainda que o Ministério da Saúde “continua sem apresentar qualquer proposta” para compensar o risco e a penosidade da profissão, desde logo, a possibilidade da aposentação antecipada.

Segundo o SEP, os enfermeiros exigem “o gozo de milhares de horas já trabalhadas” que, na maior parte dos casos, não são pagas, ou são pagas como trabalho normal. “É obrigatório que lhes seja permitido o gozo em tempo, ou seja, com tempos de descanso”, defende o SEP em comunicado publicado no seu ‘site’.

Os enfermeiros reclamam também a “reafirmação das 35 horas semanais como regime de trabalho dos enfermeiros”, formas de compensar o “sistemático recurso a trabalho extraordinário para colmatar a carência de enfermeiros” que agrava o risco e a penosidade do exercício da profissão.