A sexta medalha olímpica de Teddy Riner é a mais importante
O judoca é o segundo francês a conquistar medalhas em cinco diferentes edições dos Jogos Olímpicos.
Uma semana depois de acender a pira olímpica, ao lado de Marie-José Pérec, o judoca Teddy Riner reforçou o estatuto de lenda do desporto com a conquista da terceira medalha individual nos Jogos Olímpicos. Aquela honra inicial atribuída a Rinner reforçou ainda mais a vontade de celebrar um título olímpico diante dos seus compatriotas, mas já desde a atribuição da prova a Paris que a conquista do ouro revelou-se de uma importância enorme para o judoca francês. E aos 35 anos, Riner é agora o judoca com mais títulos e medalhas nos Jogos Olímpicos, com um total de seis.
Campeão do mundo em 11 ocasiões, Teddy Riner somou um terceiro título de campeão olímpico individual – igualando o japonês Tadahiro Nomura (campeão em 1996, 2000 e 2004 em -60kg) e apagou a má recordação de Tóquio, onde ficou fora da corrida ao ouro, ao perder nos quartos-de-final com Tamerlan Bashaev. O adiamento por um ano da prova devido à pandemia de covid-19 e uma lesão no joelho esquerdo não ajudaram à preparação de Riner, que logo depois da conquista da medalha de bronze – e outra de ouro na competição por equipas –, refugiou-se em Guadeloupe para umas férias e uma reflexão sobre a carreira. A desilusão de Tóquio transformou-se em motivação para Paris.
Recorreu a Christian Chaumont, seu treinador entre 2009 e 2016, para reinventar as sessões de treino, introduziu na preparação vários estágios no Brasil, Japão, Mongólia e Cazaquistão, para procurar novos desafios técnicos e físicos e apresentou-se em Paris mais forte, em todos os departamentos, com 141kg de peso – menos um que em Tóquio – e em grande forma competitiva, com o pleno de vitórias nos 38 combates que efectuou desde Tóquio (24 este ano) e triunfos nas cinco provas internacionais em que entrou desde Fevereiro, entre as quais o Grand Slam de Paris, onde se impôs pela oitava vez, estabelecendo um novo recorde na prova. Um outro objectivo era chegar aos Jogos Olímpicos entre os oito melhores do ranking para figurar entre os cabeças de série, o que não aconteceu em Tóquio.
“É um trabalho árduo, é merecido! Quero agradecer a todos que acreditaram em mim. Quando está escrito, está escrito, é simplesmente doentio! Eu nunca teria imaginado algo assim. O público, a família que está aí... é excepcional. Eu queria, estou super feliz, vou tirar algum tempo para desfrutar disto. Obrigado a todos”, referiu Riner, após impor-se na final com o sul-coreano Minjong Kim por ippon – graças a um harai goshi (projecção através de um varrimento de anca) – e receber os parabéns do Presidente Emmanuel Macron, presente na Arena Champ-de-Mars.
Riner é apenas o segundo atleta francês a conquistar medalhas em cinco diferentes edições dos Jogos Olímpicos, imitando o esgrimista Philippe Cattiau (de 1920 a 1936). E a quinta presença nos Jogos Olímpicos do judoca nascido em Guadeloupe e residente em Marrequexe poderá não ser a última, pois já confessou que se vê a competir em 2028.
Esta foi a primeira medalha de ouro da França conquistada em Paris no judo, modalidade que figura no quinto lugar dos desportos com mais praticantes no país. Globalmente, os resultados têm sido frustrantes para a modalidade, em especial, no sector feminino onde havia quatro favoritas ao título e apenas Shirine Boukli (-48kg), Clarisse Agbégnénou (-63kg) e Romane Dicko (+ 78kg) conquistaram medalhas de bronze. No total, os judocas franceses somam nove, repartidas por um de ouro, duas de prata e seis de bronze.