Diogo Ribeiro ganhou experiência em Paris: “Tudo é uma aprendizagem”

O nadador português concluiu a sua estreia olímpica com uma passagem discreta pelas eliminatórias dos 100m mariposa, distância em que é campeão mundial.

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Diogo Ribeiro, nadador português JOSÉ SENA GOULão / LUSA
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Estes não eram e não foram os Jogos Olímpicos de Diogo Ribeiro. Em Paris, o jovem nadador português vinha com expectativas e com currículo, mas a primeira experiência foi apenas isso, uma experiência. Depois das eliminatórias dos 100m livres e das meias-finais nos 50m, Ribeiro avançava para a sua prova favorita, os 100m mariposa, aquela em que é campeão mundial, mas também aqui falhou o objectivo definido por ele próprio e pelas expectativas que foi criando com os resultados de excelência que alcançou, ficando-se pelas eliminatórias e afastado da discussão por um lugar na final.

Em mais uma manhã na Arena La Defense, Ribeiro foi sexto na sua série, com 51,90s, uma marca que o deixou em 20.º nas eliminatórias e fora das meias-finais desta noite — o último tempo a dar qualificação foi de 51,62s, feito pelo japonês Maoki Mizunuma e pelo francês Clement Secchi. O nadador português, que foi campeão mundial desta distância há poucos meses em Doha, ficou bem longe da sua melhor marca da prova, 51,17s, um recorde nacional feito na final dos Mundiais do Qatar.

Assim que se completou a última das séries, já com a certeza de ter falhado o apuramento, as primeiras palavras do português pareceram contraditórias. “Correu bem.” Logo depois, explicou que tudo é ganho, seja um título mundial ou uma eliminação olímpica prematura, como a que acabara de acontecer. “Foi a primeira experiência, ganhei experiência, ganhei competitividade, estou feliz. Agora é aproveitar as férias.”

Diogo Ribeiro tinha um plano para os 100m mariposa, o de fazer o que tinha feito nos Mundiais de Doha em Fevereiro passado. Ir melhorando o seu tempo da eliminatória para a meia-final e chegar à corrida das medalhas ainda com uma reserva para explorar – no Qatar, começou com 51,78s, depois 51,30s nas “meias” e, finalmente, 51,17s na final que lhe deu o ouro. Mas esse plano não funcionou em Paris porque o momento de forma não era o mesmo e a concorrência era bem maior.

As indicações que deixou na sua série, que era a terceira, não foram, de todo, as melhores – as duas seguintes “comeram” quase todos os lugares disponíveis, 12, sendo que o mais rápido das eliminatórias, Kristof Milak (50,19s) esteve na série do português. E já não houve outra corrida para progredir. “Não vou mentir, com as sensações que tive nesta prova pensei que ia para um tempo mais rápido. Não me esforcei assim tanto para ir para um tempo mais rápido, mas tinha mais para dar”, explicou.

Ficou a experiência, ficou a frustração e ficaram as lições. “No próximo ciclo já sei para o que venho. Talvez ficar num hotel, para a alimentação, basta descer escadas ou elevador, um misto de coisas. Estou contente e, ao mesmo tempo não estou, contente pela experiência, porque são os Jogos Olímpicos, mas ambicionava fazer mais. É obvio, vim para aqui como campeão mundial e nem à meia-final fui… Não sei, tenho de ver o que aconteceu, o que é que falhou para o pico de forma.”

Entre a frustração e a satisfação pela estreia, uma admissão: Diogo Ribeiro não estava no seu melhor. “Acho que não estou na minha melhor forma aqui, custa a aceitar porque isto são os Jogos Olímpicos, mas não trocaria uma final olímpica pelo título mundial, estou contente com a época que fiz. Se calhar, as férias que tive depois do Mundial interferiram um pouco, apanhei uma bactéria nessas férias que me condicionou um pouco os primeiros dois meses.”

Em resumo, estes foram apenas os primeiros Jogos Olímpicos de Diogo Ribeiro, que, aos 19 anos, é um nadador como Portugal nunca teve. Não foi em Paris que ganhou uma medalha olímpica e não foi em Paris que chegou a uma final, um feito que vai continuar a ser um exclusivo de Alexandre Yokochi em Los Angeles 1984, pelo menos durante mais quatro anos.

“Tenho a certeza de vir mais bem preparado para a próxima, talvez fazer mais três, quatro ou cinco Jogos. Pensei que ia conseguir passagem e não dei o máximo. Dei o máximo pensado para a eliminatória. Tinha de acontecer para perceber que, se calhar, temos de mudar alguma coisa no treino, vamos tentar descobrir. Tudo é uma aprendizagem, ainda não tenho a experiência.”

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