Quais são os sintomas do golpe de calor nos animais? E o que é a hipertermia?

Começam a arfar e podem mesmo desmaiar em pouco tempo. Molhar o animal e levá-lo de imediato ao veterinário é o passo seguinte.

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Quais são os sintomas do golpe de calor nos animais? Engin Akyurt/Unsplash
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Golpe de calor, hipertermia e desidratação são alguns dos perigos que a subida da temperatura tem nos cães e nos gatos. Os primeiros vão ter mais dificuldade em suportar o calor, especialmente as raças de focinho achatado e as de pêlo comprido. Por outro lado, estes últimos têm uma protecção solar adicional, uma vez que será mais difícil a pele entrar em contacto directo com a luz solar e os animais ficarem com escaldões. O mesmo se aplica às almofadas plantares (das patas), que normalmente têm mais pêlo, o que significa que o risco de queimadura é menor.

A temperatura normal do corpo de um cão varia entre os 37,5 e 39,2 graus, começa por destacar ao P3 a médica veterinária e docente da Universidade do Porto, Joana Prata. Já os gatos, cuja temperatura corporal está entre os 38 e 39,2 graus, conseguem tolerar mais o calor.

O golpe de calor é, provavelmente, a situação mais recordada durante os meses de Verão e também a mais perigosa. Os sintomas variam: a temperatura ambiental está alta e a corporal dos animais sobe de tal forma que lhes afecta a consciência, e, por isso, começam a ficar apáticos e parados, deixam de comer e de brincar. Segue-se o arfar excessivo, uma das formas que têm para se libertarem do calor e a desidratação, isto é, a perda da quantidade de água no organismo, visível na boca e nos olhos que ficam secos, enevoados e encovados, e na pele que perde elasticidade.

"Se puxarmos a pele das omoplatas, que é onde se testa a desidratação, ela não vai voltar à sua posição inicial ou volta muito lentamente", esclarece. Em casos mais graves, podem surgir convulsões e até desmaios.

A primeira coisa a fazer em caso de golpe de calor é contactar o médico veterinário do animal e levá-lo a uma clínica ou hospital para ser examinado o mais rapidamente possível. Antes disso, afirma Joana Prata, é aconselhável molhar o cão ou o gato com água fria, dar-lhe água para beber e envolvê-lo numa toalha molhada durante a viagem para o manter fresco. Se estiver prestes a desmaiar, o mais seguro é colocar tapetes e mantas para amortecer a queda e desviar objectos onde este se possa magoar.

Utilizar cubos de gelo, por outro lado, não é aconselhável, tendo em conta que pode provocar um choque com a temperatura corporal do animal e desencadear uma rápida contracção dos vasos sanguíneos. “É preferível que o arrefecimento seja progressivo", defende Joana Prata.

O ar condicionado do carro, se existir, deve estar ligado no máximo. Se não existir, a alternativa é viajar com todas as janelas abertas. Pelo caminho, os tutores podem verificar se a temperatura corporal do animal está a baixar tocando-lhe nas orelhas e nas patas. Se ainda estiverem quentes, devem molhar novamente as toalhas em água fresca e colocá-las nestas zonas.

Golpe de calor vs. hipertermia

Os conceitos podem até ser semelhantes, os sintomas também, mas em teoria estes perigos provocados pelas altas temperaturas são diferentes.

Na hipertermia, o organismo dos animais tem consciência que a temperatura do corpo está demasiado quente e procura arrefecê-la. É mais comum acontecer quando está muito calor, mas também pode ocorrer quando o animal faz demasiado exercício físico, que leva os músculos a produzirem calor, ou em cães e gatos com problemas cardíacos, metabólicos e com obesidade.

Nestes casos, o animal vai imediatamente procurar água fresca para beber e um local com sombra para se refugiar do calor. Salivar em excesso, vómitos, respiração rápida e ofegante, perdas de coordenação motora e desmaios são outros dos sintomas.

Os tutores devem dar água fresca para o animal beber, mas nunca em demasia, e levarem-no a uma clínica ou hospital. Segundo a veterinária, quando ingerida em grandes quantidades, "a água pode rapidamente entrar na circulação sanguínea e no interior das células", originando um edema cerebral (acumulação excessiva de líquido no cérebro).

"No caso da hipertermia, a taxa de mortalidade pode ir até aos 50%, o que é bastante elevado", alerta a médica veterinária, acrescentando que se trata de uma emergência veterinária.

O golpe de calor agrega a hipertermia e a desidratação, e acontece quanto a temperatura do cão ou do gato excede os 40 ou 41 graus. Os animais estão de tal maneira quentes que não conseguem manter-se frescos, perdem rapidamente a consciência, deixam de responder aos estímulos e, como começam a arfar de forma rápida, ficam desidratados.

“A tensão arterial também vai descer e o animal pode entrar em choque, stress respiratório provocado pela respiração acelerada ou síndrome de disfunção múltipla dos órgãos que pode levar a lesões nos órgãos, incluindo no cérebro e nos rins", explica Joana Prata. No limite, dá-se a morte do animal.

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