Turismo contribuiu com quase metade do crescimento real do PIB em 2023

PIB do turismo aumentou 15,2% face a 2022 e 33,1% face a 2019 (pré-pandemia), em termos nominais, de acordo com a Conta Satélite do Turismo, divulgada pelo INE.

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Turismo bateu novos recordes em 2023 Nelson Garrido
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O sector do turismo, que bateu novos recordes no ano passado, foi “determinante” para o crescimento económico em Portugal, “contribuindo com quase metade (1,1 pontos percentuais) para o crescimento real do PIB em 2023 (2,3%)”. A conclusão surge na Conta Satélite do Turismo, publicada nesta quinta-feira pelo INE, que engloba dados preliminares do ano passado.

De acordo com os dados apresentados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), estima-se que em 2023 o consumo turístico “tenha tido um contributo total (directo e indirecto) de 12,7% (33,8 mil milhões de euros) para o PIB [produto interno bruto] e de 12,4% (28,7 mil milhões de euros) para o VAB [valor acrescentado bruto] da economia nacional”. No ano em análise, o PIB do Turismo aumentou 15,2% face a 2022 e 33,1% face a 2019 (pré-pandemia), em termos nominais.

No entanto, como nota o INE, “há um forte efeito preço neste período”, caracterizado pela elevada inflação, “pelo que, em volume, o PIB do Turismo deverá ter-se situado 13,5% acima dos valores de 2019”.

Os novos dados apresentados pelo INE dão mais expressão aos recordes atingidos pelo sector do turismo em 2023, ano em que o consumo do turismo no território económico (CTTE) subiu, em termos nominais, 15,5%, chegando aos 43.683 milhões de euros.

Este indicador, que assumiu um peso de 16,5% no PIB, engloba tanto os visitantes não residentes como os visitantes residentes que viajam em Portugal e a “componente de consumo interno efectuada pelos visitantes residentes no país aquando de uma viagem turística no exterior do país (componente de consumo interno do turismo emissor)”. Já o valor acrescentado bruto (VAB) gerado por este sector subiu 16%, para 21.051 milhões de euros.

O dinamismo de crescimento do VAB do turismo e do CTTE foi superior, nota o INE, ao da economia nacional, “reforçando assim o seu peso relativo no total da economia e atingindo máximos históricos”.

O elevado peso do turismo na economia portuguesa também pode ter um efeito negativo, como se verificou em 2020. Nesse ano, em que surgiu a pandemia de covid-19 e as viagens travaram a fundo, “o turismo foi responsável por cerca de dois terços do decréscimo do PIB nacional”, recorda o INE.

Conforme mostram os dados divulgados esta quinta-feira, em 2020, com o CTTE a cair 49% para os 16.847 milhões de euros, houve um suporte da despesa do turismo interno, que desceu a um ritmo inferior, com um recuo de 29,6%, para os 8254 milhões (equivalente a 49% do total, quando peso em 2019 tinha sido de 35,6%).

Ainda não há dados equivalentes para 2022 e 2023, mas outros indicadores demonstram que houve uma forte subida dos mercados emissores para Portugal.

Saldo de 18,8 mil milhões

Em 2023, de acordo com os dados já publicados pelo Banco de Portugal, as exportações de viagens e turismo (ou seja, as receitas geradas pela chegada de turistas) chegaram aos 25.140 milhões de euros, enquanto as importações se situaram nos 6301 milhões, gerando um saldo de 18.839 milhões.

Olhando para os dados dos alojamentos turísticos contabilizados pelo INE (que não inclui as unidades de alojamento local com menos de 10 camas), houve 30 milhões de hóspedes em 2023, 13% acima do ano anterior. Destes, 61% eram estrangeiros. Os proveitos totais cresceram 20%, superando os seis mil milhões de euros.

Este ano, o sector continua a crescer, mas com sinais de abrandamento. Em Junho, o segmento do alojamento turístico registou três milhões de hóspedes e 7,8 milhões de dormidas em Junho, o que equivale a crescimentos de 6,7% e 4,8% (respectivamente), em termos homólogos, de acordo com o INE, quando em Maio as subidas tinham sido de 9,5% e de 7,6%.

Já as exportações no mês de Junho, segundo o Banco de Portugal, subiram 8,6%, para os 2293 milhões de euros, o segundo mês deste ano, depois de Abril, em que a subida ficou abaixo dos dois dígitos.

Numa comparação internacional, que só é possível com valores de 2022, o INE refere na conta-satélite agora divulgada que Portugal foi o segundo país europeu “que registou maior importância relativa de procura turística no PIB”, com 15,6%, ficando apenas atrás da Islândia, com 17,4%. Em terceiro lugar fica a Espanha, com 12,5%.

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