Por uma estratégia nacional para a investigação

As empresas nacionais não devem procurar fora do país aquilo que têm por cá, possivelmente até com maior qualidade.

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Portugal tem tudo para desenvolver investigação clínica de elevada qualidade e dar ao mundo, inovação que ajude a melhorar a vida de milhões de pessoas.

Temos recursos humanos de eleição numa quantidade pouco proporcional ao tamanho da nossa população; temos infraestruturas de exceção, como por exemplo um dos poucos data centers certificados para a investigação clínica (sediado na AIBILI – Associação para Investigação Biomédica e Inovação em Luz e Imagem) e temos já uma estrutura relativamente organizada na forma de “centros de tecnologia e inovação” (CTI). O que falta é um programa sério que possa ligar estes elementos e guiar o país rumo a uma estabilidade na investigação clínica, independentemente do governo que esteja no poder.

Se há áreas que devem ser centrais e ter estratégias concertadas como a saúde, educação e segurança, há subáreas como a investigação científica que devem também ter uma estratégia de longo prazo. Afinal, a investigação alimenta a área da saúde e, além de contribuir para a inovação nos cuidados de saúde nas mais diversas patologias, contribui para a atratividade económica do país através da captação de projetos europeus e para a retenção e captação dos mais qualificados recursos humanos.

A quem cabe definir esta estratégia? E que eixos deve ter? Acredito que qualquer governo tem capacidade de, em conjunto com os atores que estão no terreno, traçar o plano para uma melhor investigação clínica em Portugal. Se não foi o governo passado a implementar aquilo que efetivamente idealizou, que seja este, em funções há cerca de três meses, com a liderança do Ministério da Economia.

Os eixos de ação passam por incentivar uma maior colaboração entre entidades. As empresas nacionais não devem procurar fora do país aquilo que têm por cá, possivelmente até com maior qualidade. Assim, a investigação fica por cá e com custos menores. E ainda sobra “espaço” para que as entidades internacionais nos procurem, nomeadamente para ensaios clínicos.

Também entre centros de tecnologia e inovação a comunicação e colaboração podem ser estreitadas e, também nesse ponto, uma estratégia é bem-vinda. Com uma estratégia séria e duradoura, não há limites para o nosso potencial, algo que beneficiará toda a cadeia de valor da investigação em Portugal e ajudará a que a Europa seja líder também no campo da investigação clínica.

A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico

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