Detectado mosquito da dengue em Cascais e Pombal, DGS recomenda controlo

Nenhum mosquito detectado em Portugal continental carregava vírus patogénicos. No entanto, a Direcção-Geral da Saúde recomenda a prevenção e o controlo daquele insecto numa abordagem multisectorial.

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A espécie invasora Aedes albopictus foi detectada em diferentes freguesias e concelhos de Portugal continental null
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Uma das espécies de mosquito que transmite a dengue, o Aedes albopictus, foi detectado esta quarta-feira nos municípios de Cascais, no distrito de Lisboa, e de Pombal, no distrito de Leiria, de acordo com uma nota de imprensa da Direcção-Geral de Saúde, divulgada esta quinta-feira. Nenhum dos mosquitos identificados em Portugal continental carregava vírus patogénicos para os humanos, segundo a nota.

Além da dengue, o Aedes albopictus, de nome comum mosquito-tigre-asiático, pode transmitir o vírus da febre-amarela, do zika e do chikungunya. Nos últimos anos, a nível de Portugal continental, aquele mosquito foi detectado em Penafiel (2017), no Algarve (2018), no Alentejo (2022) e em Lisboa (2023). Esta expansão paulatina aumenta a probabilidade do aparecimento de surtos locais daquelas doenças, como o surto de dengue que ocorreu na Madeira, em 2012, causado por uma espécie de mosquito do mesmo género, o Aedes aegypti.

Neste contexto, a DGS recomendou esta quarta-feira a adopção de medidas de prevenção e controlo do mosquito. As orientações são recomendadas para as autarquias, empreendimentos turísticos e entidades do sector agrícola, industrial, entre outras, de acordo com o site, da DGS. As detecções mais recentes em Portugal do mosquito invasor têm correspondência ao nível de risco 1 (amarelo), numa escala de 0 a 3, definida segundo os diferentes cenários relativamente à presença de mosquitos Aedes e detecção de casos de doença, conforme definido no Plano Nacional de Prevenção e Controlo de Doenças Transmitidas por Vectores.

Embora o número de casos de dengue tenha aumentado em Portugal, estes casos são todos importados. “Com base nas análises entomológicas da rede REVIVE, não foi verificada, até à data, a presença de agentes patogénicos nos mosquitos, nem foram reportados casos autóctones de doenças para as quais o vector é competente”, salienta uma nota da DGS.

Intervenção no ambiente

As actividades de prevenção e controlo vectorial implicam o envolvimento de diferentes sectores, nomeadamente autarquias, turismo, hotelaria, ambiente, veterinária, agricultura, indústria, comércio, entre outros, complementando os esforços do sector da saúde na prevenção e controlo das doenças transmitidas pelos mosquitos Aedes albopictus e Aedes aegypti, como a febre de dengue, o chikungunya, o zika, a febre-amarela, todas de notificação obrigatória, e a infecção por parasita dirofilária.

O controlo vectorial do Aedes albopictus implica intervenções no ciclo de vida do mosquito, que compreende as fases num meio aquático (ovos, larvas e pupas) e outra num meio terrestre (fase adulta do mosquito). A intervenção física ambiental constitui o método primário do controlo vectorial, requerendo intervenções multissectoriais na identificação e eliminação de criadouros (locais e recipientes que possam servir de habitat para ovos e larvas do mosquito). A aplicação de produtos que matam as larvas e os espécimes adultos pode também ser necessária, de acordo com o nível de risco avaliado pelos serviços de saúde pública.

Em áreas com detecção confirmada de mosquitos do género Aedes (Nível 1), deverá ser assegurada a localização e mapeamento, preferencialmente com georreferenciação, de locais onde a existência de criadouros possa constituir um risco para a multiplicação de mosquitos. Compete às autarquias mapear estruturas públicas e privadas que possam ser locais propícios à existência de criadouros, dispersas em toda a sua área de intervenção. As pessoas envolvidas nas acções de prevenção e controlo vectorial devem usar vestuário que cubra o corpo todo e o uso de repelentes.

Sempre que houver a alteração do nível de risco, a rede dos serviços de Saúde Pública é responsável por comunicar essa alteração e promover as medidas adequadas junto das entidades parceiras, com base nesta Orientação e noutros documentos que venham a ser emitidos pela DGS. “As doenças transmitidas por mosquitos são um problema global emergente de saúde pública que pode constituir uma emergência em Portugal e a nível transfronteiriço”, refere a DGS, salientando que “o aumento da mobilidade internacional de pessoas, bens e animais, aliado às alterações climáticas, são factores que contribuem para a expansão de mosquitos invasores e consequente ocorrência de casos de doença”.

Notícia actualizada às 17h55 de 1 de Agosto com a informação sobre os novos concelhos onde o Aedes albopictus foi detectado.