Ataque em Southport: manifestantes envolvem-se em confrontos no centro de Londres

Autoridades afastam suspeita de terrorismo em ataque que vitimou três crianças, incluindo uma menina portuguesa. Desinformação mobiliza protestos de grupos de extrema-direita.

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Manifestantes envolvem-se em confrontos perto de Downing Street, no centro de Londres Hollie Adams / REUTERS
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Alguns milhares de manifestantes conotados com grupos de extrema-direita entraram em confronto com a polícia inglesa, esta quarta-feira, perto de Downing Street, rua da residência oficial do primeiro-ministro do Reino Unido, no centro de Londres, no segundo dia de protestos após o ataque que matou três crianças e feriu gravemente outras cinco em Southport, no Noroeste do país.

"Salvem os nossos filhos", "queremos o nosso país de volta" e "parem os barcos" foram algumas das frases ouvidas no protesto desta quarta-feira, junto à residência de Keir Starmer. O acto foi marcado pelo lançamento de artefactos pirotécnicos em direcção a Downing Street.

As autoridades estão ainda em alerta para a possibilidade de novos confrontos em Southport, palco do ataque e onde, na terça-feira, mais de 50 agentes da polícia ficaram feridos e vários veículos foram incendiados por manifestantes.

Os protestos violentos acontecem na sequência da divulgação de informações falsas sobre a identidade do atacante, incorrectamente referido como um imigrante e um radical islâmico. Os boatos originaram ataques a locais de culto muçulmanos. A maior parte dos indivíduos envolvidos nos actos de violência não eram da zona e os confrontos perturbaram uma vigília que homenageava as vítimas do esfaqueamento de segunda-feira.

“Vieram apenas por hooliganismo e violência, para trazer este nível de violência e este comportamento para as ruas de Southport, e não é isso que caracteriza esta comunidade”, afirmou Serena Kennedy, responsável da polícia de Merseyside.

A identidade do presumível homicida das três crianças não pode ser legalmente revelada pelas autoridades, uma vez que também se trata de um menor de idade, com 17 anos. No entanto, as autoridades declaram que o atacante nasceu no Reino Unido e que, para já, não existe suspeita de terrorismo.

O violento ataque de segunda-feira ocorreu num durante uma actividade de ioga e dança ao som de canções de Taylor Swift. Entre as vítimas mortais está uma menina portuguesa. Para além dos três mortos, há ainda cinco crianças e dois adultos em estado crítico.

Entretanto, os fãs da estrela pop norte-americana já angariaram o equivalente a 320 mil euros para apoiar as famílias das vítimas e o hospital onde estão internadas as crianças feridas.