Reserva Federal dos EUA dá sinais de estar cada vez mais perto de cortar juros

Taxas de juro nos EUA continuam entre 5,25% e 5,5%, mas as probabilidades de um corte acontecer na reunião agendada para Setembro aumentaram.

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Jerome Powell, presidente da Reserva Federal norte-americana JIM LO SCALZO / EPA
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Sem surpresas, a Reserva Federal norte-americana (Fed) manteve as suas taxas de juro sem alterações, mas os seus responsáveis fizeram questão de deixar sinais claros de que se preparam, provavelmente na reunião agendada para Setembro, para começarem finalmente a suavizar a sua política monetária.

No final da reunião de dois dias terminada esta quarta-feira, a Fed anunciou que pelo menos por mais algumas semanas, as suas taxas de juro de referência vão continuar a estar situadas no intervalo entre 5,25% e 5,5% em que foram colocadas com o objectivo de combater a inflação.

Tal como era antecipado pela grande maioria dos analistas e investidores nos mercados, Jerome Powell e os seus pares consideraram que, apesar de a inflação já estar a apenas 0,5 pontos percentuais da meta de 2% definida pela instituição, ainda não era o momento adequado para começar a reduzir os custos de financiamento impostos à economia, que tem continuado a registar taxas de crescimento saudáveis, com um ritmo de criação de empregos também elevado.

No entanto, esse momento parece estar cada vez mais próximo, como fizeram questão de deixar claro os responsáveis da Fed esta quarta-feira. Logo no comunicado inicial em que foi anunciada a manutenção das taxas de juro, a entidade liderada por Jerome Powell afirmou que se realizou “algum” progresso em direcção à meta de 2% de inflação, deixando de afirmar, como o tinha feito nos anteriores comunicados, que o progresso era ainda “modesto”.

Para além disso, em relação à força do mercado de trabalho que constitui uma preocupação para a Fed no sentido em que pode criar pressões nos salários e nos preços deixou de estar presente no comunicado a expressão “forte”, para agora vir dizer que se está “a moderar”.

Os responsáveis da Fed reforçaram ainda mais a ideia de que se preparam para começar a descer as taxas de juro ao afirmarem no comunicado que estão agora atentos a riscos “em ambos os lados” do seu mandato. Ao contrário do Banco Central Europeu (BCE), que apenas tem como mandato a manutenção da estabilidade dos preços, a Fed tem igualmente como objectivo manter os níveis de emprego mais altos que forem possíveis com estabilidade de preços.

Se, até aqui, as preocupações da Fed têm estado centradas na inflação (e daí as taxas de juro altas), agora também começa a virar as suas atenções para o que está a acontecer à economia e ao emprego, o que pode exigir o início de uma suavização da política monetária.

Na conferência de imprensa a seguir à decisão, Jerome Powell reforçou ainda mais esta ideia ao dizer que os riscos pela negativa para o mandato da Fed de promover um emprego máximo “são agora reais”.

O presidente da Reserva Federal dos EUA deixou ainda mais evidente que um corte de taxas de juro está próximo quando revelou que nesta reunião houve uma discussão acesa dentro do comité sobre se a descida dos juros deveria ocorrer já nesta reunião. Para já, uma “forte maioria” decidiu manter as taxas, algo que provavelmente mudará na próxima reunião, agendada para os dias 17 e 18 de Setembro, a menos de mês e meio das eleições presidenciais.

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