Porto Pianofest com Bach e Camões, jazz afro-cubano e fantasia, mestres e aprendizes

Yosvany Terry, o suspeito do costume José Ramón Mendez e o Projecto Mensagem de Nuno Marques e Lara Martins, no âmbito do qual foram criadas peças baseadas em poesia portuguesa, integram o cartaz.

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O quarteto do saxofonista cubano Yosvany Terry, que inclui Baptiste Trotignon no piano, abre oficialmente o festival esta quinta-feira, na Casa da Música DR
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Bruno Belthoise (piano), Sara Chordà (violoncelo) e Léo Belthoise (violino) compõem o Trio Pangea Luís Nascimento
Lisa Yui, 6/13/2021. Photo by Chris Lee
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Lisa Yui prepara-se para se estrear em Portugal, trazendo com ela obras de Schubert, Liszt, Debussy e Qigang Chen, compositor franco-chinês Chris Lee
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Acontece entre esta quinta-feira e o dia 11 de Agosto a nona edição do festival de música clássica Porto Pianofest, que, com concertos no Porto, em Matosinhos e em Famalicão, volta a montar um programa que oscila entre nomes consagrados deste circuito, vários deles em estreia nacional (ou voltando ao festival onde se apresentaram em Portugal pela primeira vez), e outros que ainda se encontram no início do seu percurso artístico.

Após um pré-arranque no Mercado do Bolhão, onde esta terça-feira o festival organizou oito horas ininterruptas de actuações de entrada livre, o Porto Pianofest começa oficialmente com a estreia em Portugal do saxofonista cubano Yosvany Terry, que esta quinta-feira, com Baptiste Trotignon (piano), Yunior Terry (baixo) e Julian Miltenbergerz (bateria) a acompanhá-lo, sobe ao palco principal da Casa da Música (a Sala Suggia) para um concerto de jazz afro-cubano.

No dia seguinte, outra das principais actuações do festival: Nuno Marques, pianista e também director do Porto Pianofest, apresenta no pátio da Casa-Museu Guerra Junqueiro, com a soprano Lara Martins (nome forte do teatro musical em Londres), o chamado Projecto Mensagem.

Os dois músicos, que estudaram juntos na capital inglesa há quase duas décadas, encomendaram a diferentes compositores, sobretudo internacionais, peças baseadas em poesia portuguesa. “Cada compositor escolheu o seu poeta ou poema preferido para servir de inspiração”, conta Nuno Marques ao PÚBLICO. “Temos Eugénio de Andrade, Fernando Pessoa, Agustina Bessa-Luís, Sophia de Mello Breyner… Também assinalamos duas efemérides: os 500 anos do nascimento de Camões e os 50 anos do 25 de Abril.” Foi ainda solicitado ao compositor Tiago Cabrita que transpusesse Coro da Primavera, fundamental faixa de encerramento do álbum Cantigas do Maio, de José Afonso, para o piano.​

Nuno Marques, pianista e também director do Porto Pianofest Nelson Garrido
A soprano Lara Martins DR
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Nuno Marques, pianista e também director do Porto Pianofest Nelson Garrido

O festival também conta com actuações na Reitoria da Universidade do Porto, por onde passam José Ramón Mendez, o Trio Pangea ou Lisa Yui, nos dias 3, 4 e 5, respectivamente. Mendez está para o Porto Pianofest como os Shellac, cujo líder Steve Albini faleceu inesperadamente em Maio deste ano, estiveram estes anos todos para o Primavera Sound: não há edição que não conte com o pianista espanhol. O Trio Pangea, por seu turno, montou uma “homenagem ibérica a Gabriel Fauré”, compositor francês falecido há exactamente 100 anos (será estreada uma nova composição do jovem portuense Miguel Amaral, a quem foi pedido que escrevesse uma peça inspirada em Fauré). E Lisa Yui, pianista nascida no Japão e radicada no Canadá, prepara-se para se estrear em Portugal, trazendo com ela obras de Schubert, Liszt, Debussy e Qigang Chen, compositor franco-chinês.

Os últimos dias do festival terão actuações de Evan Shinners (dia 9), pianista americano radicado no Porto que, num concerto gratuito nos jardins do Palácio de Cristal, passará por obras de Bach, e da suíça Beatrice Berrut (dia 10), que, na sua estreia em Portugal, ocupará o Salão Árabe do Palácio da Bolsa com um “programa de fantasia”, como o descreve Nuno Marques.

O director mostra-se feliz com aquele que tem sido o crescimento “sustentado” do festival que assume como missão “levar a música clássica a todos”. “Temos aumentado gradualmente o número de dias (na primeira edição eram só quatro) e também temos conseguido registar um enorme acréscimo em termos de público, que, de 2022 para 2023, dobrou”, diz. Nuno Marques refere que, no ano passado, passaram pelos concertos oficiais do festival cerca de dois mil espectadores. Somam-se as 20 mil pessoas que, segundo as estimativas do Mercado do Bolhão, terão passado pelo pré-arranque — a edição de 2023 foi a primeira em que o festival apostou na maratona de oito horas como aperitivo.

Além das actuações integrantes do programa principal, o Porto Pianofest tem concertos para famílias ou apresentações de artistas residentes, todos eles jovens pianistas “em ascensão”.

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