Dezenas de detidos e pelo menos dois mortos em protestos contra Maduro por toda a Venezuela

Polícia disparou gás lacrimogéneo para dispersar manifestantes em Caracas. Reeleito com polémica no domingo, Presidente chavista denuncia acções “criminosas e terroristas” de “drogados e armados”.

Maria Corina Machado
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Protestos após o anúncio do Conselho Nacional Eleitoral de que o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, venceu as eleições presidenciais, em Caracas Leonardo Fernandez Viloria / REUTERS
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Dezenas de pessoas foram detidas nas últimas horas por envolvimento em acções "criminosas e terroristas" na Venezuela Maxwell Briceno / REUTERS
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Protestante é detido pela polícia em Caracas, Venezuela Maxwell Briceno / REUTERS
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Estrutura da Polícia Nacional Bolivariana (PNB) em chamas Henry Chirinos / EPA
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Milhares de venezuelanos saíram às ruas de Caracas e de várias regiões do país para protestar, acções reprimidas por militares e policiais Henry Chirinos / EPA
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O Governo disse que pelo menos 23 soldados foram feridos, “alguns com armas de fogo, vítimas dos actos violentos” de segunda-feira Henry Chirinos / EPA
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O Governo disse que pelo menos 23 soldados foram feridos, “alguns com armas de fogo, vítimas dos actos violentos” de segunda-feira Alexandre Meneghini / REUTERS
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Cidadãos protestam em frente a agentes da Polícia Nacional Bolivariana (PNB) Manuel Diaz / EPA
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Milhares de venezuelanos saíram às ruas de Caracas e de várias regiões do país para protestar, acções reprimidas por militares e policiais Leonardo Fernandez Viloria / REUTERS
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Protestantes bloqueiam auto-estrada em Caracas Leonardo Fernandez Viloria / REUTERS
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O Governo disse que pelo menos 23 soldados foram feridos, “alguns com armas de fogo, vítimas dos actos violentos” de segunda-feira Alexandre Meneghini / REUTERS
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Milhares de venezuelanos saíram às ruas de Caracas e de várias regiões do país para protestar, acções reprimidas por militares e policiais Leonardo Fernandez Viloria / REUTERS
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Milhares de pessoas saíram na segunda-feira à rua em várias cidades da Venezuela para protestar contra a declaração de vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais de domingo, com 51% dos votos, pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), a máxima autoridade do país latino-americano, controlada pelo regime chavista.

Em cidades como Caracas, os manifestantes envolveram-se em confrontos com as forças de segurança, que dispararam gás lacrimogénio e ergueram barreiras nas ruas para os dispersar. O El País diz que as autoridades, apoiadas por grupos civis armados chavistas, “reprimiram com dureza” os protestos na capital e o Governo fala em 23 polícias feridos.

Há pelo menos duas mortes confirmadas, em Yaracuy e em Zulia, que incluem um rapaz de 15 anos. Também há relatos de outros três mortos e vários feridos em Carabobo, mas esta informação ainda não foi confirmada.

Em Coro, capital do estado de Falcón, os manifestantes derrubaram uma estátua do ex-Presidente e figura histórica do movimento bolivariano Hugo Chávez – segundo o jornal espanhol, pelo menos cinco estátuas do antecessor de Maduro, noutros pontos do país, sofreram o mesmo destino.

Citada pela Reuters, a organização não-governamental de defesa dos direitos humanos Observatório Venezuelano de Conflitos Sociais registou 187 protestos contra Maduro em 20 estados da Venezuela. Para esta terça-feira está marcada uma marcha em Caracas, convocada pela oposição.

Alguns dos protestos que terminaram em violência tiveram como protagonistas pessoas de cara tapada, muitas delas montadas em motorizadas. Foram bloqueadas ruas e incendiados alguns veículos. Em quase todas as cidades viram-se, ainda assim, pessoas a caminhar pacificamente pelas ruas munidas de cartazes, bandeiras do país e tachos ou panelas, gritando “fraude” e outras palavras de ordem contra o Governo e o CNE.

“Lutarei pela democracia do meu país”, disse um manifestante à Reuters. Roubaram-nos a eleição. Temos de continuar a lutar pelos jovens.”

O Foro Penal, outra ONG que presta apoio jurídico a pessoas detidas arbitrariamente no país, diz que foram detidas 46 pessoas na segunda-feira, que acrescem a outras 48 “detenções arbitrárias” entre sexta-feira e domingo, dia das eleições.

Num comunicado ao país, a partir do palácio de Miraflores (sede presidencial), em Caracas o próprio Nicolás Maduro falou em “dezenas” de detidos nas últimas horas, “apanhados em flagrante delito” e envolvidos em acções “criminosas e terroristas”.

O líder chavista garantiu que 80% dos detidos “têm antecedentes criminais” e que 90% são “armados e drogados”. “Confessam que estão a ser pagos [e que recebem] ordens precisas sobre onde atacar”, denunciou, sem oferecer muitos pormenores sobre esta acusação.

Os críticos de Maduro e do CNE, assim como a oposição ao Presidente socialista venezuelano, acusam o regime de “fraude” eleitoral.

Numa conferência de imprensa na segunda-feira, onde insistiu que o candidato Edmundo González Urrutia é o “novo Presidente eleito da Venezuela”, María Corina Machado, líder da oposição, disse que o acesso que a sua equipa teve a 73% dos votos oficialmente contabilizados que apontavam para uma derrota clara de Maduro.

A oposição garante que González Urrutia juntou mais de 6,2 milhões de votos e que o homem que governa a Venezuela desde 2013 obteve pouco mais de 2,7 milhões. Estes números vão ao encontro das sondagens pré-eleitorais e à boca da urna, que atribuíam a vitória ao candidato da Plataforma Unitária com 65% do total de votos.

Dirigido por Elvis Amoroso – uma figura próxima de Maduro, que confirmou a sua vitória antes de divulgar os resultados finais – o CNE diz, porém, que o resultado é “irreversível” (51,2% para o Presidente; 44,2% para González Urrutia). De acordo com o Governo, o atraso na divulgação dos resultados, na madrugada de segunda-feira, deveu-se a tentativas de “hacking” e a um “ataque terrorista” por políticos da oposição ao sistema de voto.

Países como a China, a Rússia, o Irão ou Cuba já deram os parabéns ao líder reeleito, mas os Estados Unidos, a União Europeia, o Reino Unido, Portugal, o Chile, a Colômbia, o Brasil, entre outros, exigiram ao CNE que divulgue as actas das mesas de voto e que proceda à contagem dos boletins e à divulgação dos resultados com toda a “transparência” e “imparcialidade”. Até lá, recusam reconhecer a vitória de Maduro.

Por cá, entre os partidos com representação parlamentar, apenas o PCP reconheceu o resultado anunciado pelo CNE da Venezuela.

Denunciando uma tentativa de “golpe”, liderado pela “extrema-direita”, Maduro ordenou a retirada dos membros das representações diplomáticas de Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai da Venezuela, países que o Governo chavista rotulou de “intervencionistas”.

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