Até 2025, Porto vai transformar Jardim Paulo Vallada numa “esponja”

Área verde vai ter bacias de retenção para mitigar cheias. Autarquia assinou acordo de 1,5 milhões de euros com Agência Portuguesa do Ambiente que inclui requalificação de troço da ribeira da Granja.

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Intervenção no jardim instalado entre a Rua de Santos Pousada e a Avenida Fernão de Magalhães deve arrancar em Setembro Paulo Pimenta
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Quando chove torrencialmente no Porto, a formação de um efeito cascata na zona das Fontainhas já não é um fenómeno raro. A severidade com que a água, que tem origem na entubada ribeira do Poço das Patas, passa por aquela zona da cidade já levou a autarquia a retirar moradores da Ilha dos Moinhos para criar ali uma bacia de retenção, que está ainda em fase de projecto.

A montante, como parte do mesmo sistema, a Câmara Municipal do Porto (CMP) vai criar uma outra zona de retenção, no Jardim Paulo Vallada, perto do Campo 24 de Agosto, e tentar mitigar os efeitos de cheias em episódios extremos. A intervenção passa por criar várias pequenas bacias e rebaixar o campo de futebol do jardim, que poderá servir também como área de armazenamento de água, durante fenómenos extremos. As bancadas serão desenhadas com o relevo do terreno.

O objectivo é lidar melhor com a “quantidade de água” que cai num “curto espaço de tempo”, disse o vice-presidente da CMP, Filipe Araújo, aos jornalistas, nesta terça-feira, no final de uma sessão em que a autarquia e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) assinaram um protocolo para financiar projectos de adaptação climática, no valor de 1,5 milhões de euros.

Os trabalhos para transformar o jardim encaixado entre a Rua de Santos Pousada e a Avenida Fernão de Magalhães numa “esponja” custam 550 mil euros e devem começar na segunda quinzena de Setembro. A empreitada tem uma duração estimada de perto de oito meses. Sobre a intervenção nas Fontainhas, a CMP, que comprou os terrenos do antigo bairro, diz estar ainda a trabalhar num projecto complexo.

Durante grande parte do ano, o jardim vai ter a função que já hoje tem e servir de parque verde, disse Filipe Araújo. “Quando há fenómenos extremos, vai funcionar como bacia de retenção”, explicou. O mesmo já acontece com o Parque Central da Asprela, registou o presidente da CMP, Rui Moreira, relacionando este espaço com o conceito de “cidade-esponja”.

Filipe Araújo avisou que a intervenção do jardim não vai “resolver”, mas “mitigar” os efeitos das cheias. No fundo, estas zonas servem para “desacelerar” a água. A CMP está a analisar toda a bacia hidrográfica da ribeira do Poço das Patas para perceber que outros espaços poderão servir para retenção.

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Granja com percurso ribeirinho

Mas o projecto mais caro deste pacote assinado com a APA, numa cerimónia onde também esteve a ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, é o da requalificação de um troço da ribeira da Granja.

Na secção da ribeira da Granja que será alvo de intervenção, entre a Estrada da Circunvalação e a Rua de Requesende, a linha de água corre a céu aberto, embora grande parte da extensão deste curso que atravessa a zona ocidental da cidade esteja entubada.

O objectivo dos trabalhos, que custarão quase um milhão de euros e deverão começar no primeiro trimestre de 2025, é fazer acompanhar a ribeira da Granja de um percurso pedonal e ciclável.

“Vamos reabilitar as margens”, disse Filipe Araújo, com atenção à preservação da biodiversidade e a espécies autóctones, acrescentou. O autarca lembrou também que esta mancha de território serve de vizinhança a muitos habitantes, que passarão também a ser servidos de um espaço verde, à semelhança do que aconteceu no Parque Oriental da cidade, com a intervenção no rio Tinto.

Maria da Graça Carvalho, que nesta terça-feira andou num périplo entre várias localidades das regiões Norte e Centro do país para firmar a distribuição de 11,5 milhões de euros para reabilitação de rios e ribeiras, disse que os dois projectos são investimentos “muito importantes” para a cidade.

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