Jogos Olímpicos: falta de turistas leva hotéis de Paris a “saldos” até 70%

Preço médio cai 84 euros. Com as reservas aquém das expectativas, muitos culpam os preços exagerados. Agora, os operadores fazem uma última tentativa de atrair hóspedes com promoções. Tarde demais?

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Nem todos optam por cortes nos preços: o cinco estrelas Le Royal Monceau mantém preços mínimos entre 2500/3000 euros Le Royal Monceau, Raffles Paris
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Com os Jogos Olímpicos a decorrerem em Paris, os hotéis fazem um último esforço para atrair viajantes de última hora, baixando os preços e diminuindo os requisitos de estadia mínima, depois de muitos se recusarem a aceitar o que consideraram ser uma manipulação de preços antes dos jogos - "Hotéis de Paris com preços olímpicos para as Olimpíadas", noticiava-se por aqui no início do ano.

O Turismo de Paris anunciou esta segunda que os preços médios dos hotéis durante os Jogos Olímpicos caíram para 258 euros por noite - abaixo dos 342 euros no início do Verão, o que na época representava um aumento de 70% em relação ao preço médio de 202 euros em Julho de 2023.

Os agentes de viagem dizem que os visitantes podem encontrar descontos que variam de 10% a 70%, já que as operadoras começaram a lançar promoções depois da procura registada ficar abaixo das expectativas. A culpa é apontada aos preços elevados, mas também às preocupações com a segurança.

"O sector hoteleiro em França e no mundo inteiro aprendeu, sem dúvida, uma lição contra a manipulação de preços quando se busca capitalizar em grandes eventos", disse Tim Hentschel, CEO da Hotel Planner, um site de reservas de viagens que permite procurar quartos em 1,4 milhão de propriedades em todo o mundo.

A Hotel Planner regista uma queda de até 66% nos preços médios dos hotéis quatro estrelas em Paris até o início de Agosto.

Em Julho, a operadora de hotéis Accor, sediada na França, reviu os ganhos esperados com as Olimpíadas, tendo previsto anteriormente um aumento de 2% na receita por quarto disponível em França durante os Jogos.

"Mas esse já não é o caso", disse o chefe executivo da Accor, Sebastien Bazin, durante uma teleconferência sobre os resultados. No entanto, sublinhou que a ocupação e os preços continuam melhores, em comparação com outros hotéis do grupo onde a taxa média de ocupação ronda os 80%.

Alguns hotéis eliminaram restrições, incluindo datas de chegada e requisitos de duração da estadia, para atrair viajantes de última hora, de acordo com vários agentes de viagem.

"As regras caíram, mas os preços nem tanto", pelo menos não em todos os hotéis, disse, por outro lado, Neil Kurman, agente de viagens da Protravel International, uma agência de viagens de luxo. Hotéis de cinco estrelas, como o Le Royal Monceau Raffles, ainda cobram valores que se aproximam dos 3.000 euros por noite durante os Jogos, disse ele.

A Accor pode registar um aumento de 0,5% na receita de quartos se os viajantes se deslocarem para a cidade nos meses seguintes aos Jogos Olímpicos, disse Bazin, da Accor, mas as expectativas da empresa, para já, mantém-se muito conservadoras.