Ex-ministros conservadores lançam-se na corrida à sucessão de Rishi Sunak

Processo de escolha do próximo líder do Partido Conservador e da oposição no Parlamento britânico só termina em Novembro. Há seis candidatos, todos antigos governantes.

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Agora na oposição, o ex-primeiro-ministro conservador vai manter-se na liderança do partido até ao dia 2 de Novembro UK Parliament/Jessica Taylor / VIA REUTERS
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A corrida à liderança do Partido Conservador e à sucessão do ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, convocada após a pior derrota de sempre do partido de centro-direita nas eleições legislativas disputadas no início do mês, vencidas pelo Partido Trabalhista, vai ter seis candidatos, incluindo duas mulheres, que têm em comum o facto de serem todos antigos detentores de cargos governamentais.

Depois de garantirem o apoio de pelo menos dez dos 121 deputados eleitos pelos tories na votação de 4 de Julho e recolhido 200 mil libras (cerca de 237 mil euros), os ex-ministros Jeremy Cleverly (Interior), Kemi Badenoch (Comércio), Mel Stride (Trabalho) e Priti Patel (Interior), e os ex-secretários de Estado Robert Jenrick (Imigração) e Tom Tugendhat (Segurança) foram oficializados nesta segunda-feira como concorrentes.

De acordo com as regras definidas pelo Comité 1922, o grupo que representa todos os deputados conservadores na Câmara dos Comuns do Parlamento de Westminster, o processo eleitoral terá várias fases e o nome do vencedor só será conhecido no dia 2 de Novembro.

Durante o mês de Setembro, haverá sucessivas rondas de votações em que só participam os deputados eleitos. Em todas elas, o candidato menos votado será eliminado.

De acordo com o calendário, os quatro candidatos que ultrapassarem as primeiras votações terão a oportunidade de discursar perante os militantes no congresso anual do partido, que decorrerá entre 29 de Setembro e 2 de Outubro, na cidade inglesa de Birmingham.

Os dois concorrentes finais terão, depois, de convencer os cerca de 170 mil militantes inscritos, numa votação online convocada após o congresso e que vai decorrer até ao dia 31 de Outubro.

Partido fragilizado

O vencedor da contenda herdará um Partido Conservador muito fragilizado, não apenas por ter perdido mais de 250 deputados, em comparação com o resultado obtido nas eleições legislativas de 2019, ou por ter sido afastado do poder ao fim de 14 anos de governação, mas também por estar a viver um período de grande turbulência interna e de muitos dúvidas sobre o rumo ideológico a seguir.

Acresce ainda o facto de ter pela frente, até 2029, um supermotivado Partido Trabalhista, que, com os seus 411 deputados, goza de uma maioria confortável para governar e, sobretudo, para definir os termos da agenda e do debate político no Parlamento.

Cleverly, que também foi ministro dos Negócios Estrangeiros no Governo Sunak, e Tugendhat representam uma facção mais moderada dos tories e devem defender um regresso ao centro político, aquele que, por causa das características muito próprias do sistema eleitoral britânico, parece ser o que oferece melhores perspectivas de vitória num quadro de eleições legislativas.

Badenoch, Patel e Jenrick fazem parte da ala mais brexiteer e neoliberal do Partido Conservador e, nas apresentações das respectivas candidaturas, insistiram na necessidade de redução da imigração para o Reino Unido.

A ex-ministra das Empresas e do Comércio foi a última a apresentar a sua candidatura. Num artigo de opinião publicado no Times, Badenoch sugeriu a retirada do país da Convenção Europeia dos Direitos Humanos e de outros tratados humanitários e de apoio aos refugiados.

Kemi Badenoch disse ainda que é necessária uma “renovação do capitalismo”, criticou os últimos governos conservadores (dos quais fez parte) por terem “falado à direita e governado à esquerda” e afirmou que o Partido Conservador “mereceu perder” as últimas eleições.

“As pessoas sentiram-se manipuladas”, denunciou a ex-ministra, que ganhou grande protagonismo nos últimos anos devido às suas posições críticas sobre os direitos da comunidade transgénero e que, segundo as sondagens, é uma das favoritas entre os militantes tories.

Um inquérito realizado pela Queen Mary University (Londres) e pela Sussex University (Brighton) pouco depois das eleições atribuía 31% das preferências dos militantes a Badenoch. Contabilizando apenas as intenções de voto nos candidatos oficiais, surgiam, depois, Tom Tugendhat (15%), James Cleverly (10%), Robert Jenrick (7%) e Priti Patel (6%).

Fora da corrida, por opção própria, ficou Suella Braverman, outra antiga ministra do Interior, que defendeu abertamente acordos com o Reform UK, o partido populista de direita radical que “roubou” milhões de votos ao Partido Conservador, e que se estreia no Parlamento com cinco deputados, incluindo o político eurocéptico e nacionalista Nigel Farage.

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