Palavras que dividem ou unem? O papel da comunicação na política

Quando os políticos usam linguagem que desrespeita ou marginaliza, eles não falham apenas nas suas mensagens; eles falham com o povo.

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Megafone P3 Daniel Rocha
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São várias as declarações sobre o uso de linguagem e comentários impróprios por determinado partido político na Assembleia da República. Essas alegações, que ganham destaque nos meios de comunicação social e entre os cidadãos, apontam para uma prática recorrente que tem suscitado debates sobre os limites da liberdade de expressão no ambiente parlamentar. Estes incidentes levantavam uma questão essencial: como é que a comunicação molda o debate político e, em última análise, a democracia?

Imagine-se um líder, em frente a uma multidão, cujas palavras inspiram esperança, unem e impulsionam acções positivas. Agora, pense-se num outro líder cuja retórica incita divisões e conflitos. Em qual desses cenários gostaria de viver? A história mostra-nos que as palavras têm um poder tremendo — elas podem construir pontes ou erguer muros. No caso de determinado partido político, as suas palavras tendem a ser vistas por muitos como tijolos que constroem barreiras em vez de pontes.

Ninguém nasce a saber como comunicar de forma eficaz, especialmente numa arena tão complexa como a política. É aqui que a formação em comunicação se torna crucial. A falta dessa formação não só prejudica o indivíduo, mas pode ter repercussões amplas, afectando o clima de toda uma sociedade. Quando os políticos usam linguagem que desrespeita ou marginaliza, eles não falham apenas nas suas mensagens; eles falham com o povo.

Voltando à Assembleia da República, podemos ver não apenas um erro de julgamento, mas uma oportunidade perdida. A oportunidade de discutir ideias de forma civilizada, de ouvir e ser ouvido, de criar um diálogo que avance em direcção a soluções. Quando a retórica desrespeitosa toma o palco, ela silencia as vozes que poderiam contribuir para um debate rico e construtivo.

Pense-se nos jovens que assistem a esses debates. O que é que eles aprendem quando vêem membros do parlamento a trocar ofensas ao invés de argumentos? Aprendem que o respeito e a compreensão mútua são secundários à vitória verbal. É aqui que a formação em comunicação se torna não apenas uma habilidade técnica, mas uma responsabilidade moral.

A boa notícia é que a história pode ser diferente. A formação em comunicação oferece ferramentas para transformar o discurso político. Imagine-se uma Assembleia onde todos os deputados, independentemente do partido, são capazes de articular as suas ideias de forma clara, respeitosa e persuasiva. Onde as diferenças são debatidas com paixão, mas também com um profundo respeito pelas opiniões divergentes. Esse é o cenário que podemos construir com o investimento em educação comunicativa.

O caso deste determinado partido lembra-nos que a comunicação é uma arte que requer prática e responsabilidade. Não se trata apenas de evitar controvérsias, mas de abraçar o potencial de palavras para construir uma sociedade mais justa e inclusiva. Cada vez que um político fala, ele tem a oportunidade de influenciar positivamente o público e de moldar o futuro da nação. A pergunta é: que tipo de história queremos contar? A de uma sociedade dividida pelas palavras ou a de uma comunidade unida pelo diálogo?

A escolha é nossa, e ela começa com o reconhecimento do poder das palavras e da importância de uma comunicação bem formada.

Resta-me torcer para que os membros deste partido aproveitem as férias de Verão não apenas para descansar à beira-mar, mas também para se inscreverem num curso intensivo de comunicação. Quem sabe, entre um mergulho e outro, possam aprender a transformar debates acalorados em conversas mais construtivas e respeitosas, contribuindo assim para um futuro político mais harmonioso. Afinal, um bom bronzeado não dura para sempre, mas uma comunicação eficaz pode fazer toda a diferença!

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