Eleições da Venezuela: boa adesão na Madeira e eleitores confiantes na mudança

As eleições presidenciais da Venezuela estão a decorrer este domingo e regista-se uma boa adesão na Madeira, apesar dos impedimentos de voto sentidos por alguns.

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Eleições presidenciais da Venezuela com boa adesão na Madeira Nuno Ferreira Santos
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As eleições para escolher o Presidente da Venezuela registam uma boa adesão na Madeira, com alguns dos eleitores impedidos de votar por deficiências de recenseamento e muitos confiantes numa "mudança definitiva" naquele país.

"Pela primeira vez estou confiante numa mudança no meu país. Quero voltar e depois de sete anos ver a minha família", disse Fabiana à agência Lusa enquanto se deslocava para a secção de voto no Consulado da Venezuela no Funchal, na rua da Fábrica.

Esta venezuelana acrescentou ser expectável "o Governo da Venezuela tentar fazer o de sempre para impedir a mudança, mas tudo é possível se todo o mundo apoiar".

Também Cármen, que se dirigia para a mesa de voto empurrando o carrinho com o filho que já nasceu na Madeira, afirmou que por causa da situação na Venezuela tem "a família toda espalhada pelo mundo", declarando: "Quero voltar a ter o Natal com todos à mesa".

Na porta do consulado no Funchal, algumas dezenas de eleitores estão reunidos, sendo visíveis bandeiras e bonés com as cores da bandeira da Venezuela.

Entre elas está Ana Cristina Monteiro, presente também na qualidade de observadora do acto eleitoral, que assegurou à Lusa que tudo está bem organizado, "a decorrer bem, de forma tranquila".

Segundo Ana Cristina Monteiro, nos cadernos eleitorais na Madeira constam mais de 1.060 pessoas que podem votar, mas, destacou, "de cinco dos que se deslocam, quatro não estão nas listas". Foi o caso de um casal do Porto Moniz, do extremo oeste da ilha, que veio às 7h e não pôde exercer o seu direito.

"As pessoas vêm, ficam frustradas e muito tristes porque alguns não conseguiram fazer a sua actualização e outros que fizeram não foram mudados para o Funchal. Às vezes foram mudados até dentro do país para outra escola. Portanto, muitos daqueles que fizeram a sua actualização também não vão conseguir votar", explicou.

Ana Cristina Monteiro adiantou que naquele local há pessoas "muito optimistas que conseguem votar", "normalmente aqueles que estão inscritos há muito tempo", enquanto outros estão "tristes, frustrados e desiludidos porque chegam e não vão conseguir exercer o seu direito de voto".

Por seu turno, Enrique Vieira, um venezuelano que está na Madeira há mais de 20 anos, espera que "as pessoas tenham a responsabilidade de exercer o seu dever e direito de um país que precisa de mudança de exercer o seu voto".

"Esperamos obviamente que o país demonstre, não só a si próprio como ao exterior, que queremos uma mudança definitiva no país, que precisamos acabar com o regime que há neste momento na Venezuela e queremos liberdade, isso é o que queremos, sendo melhor com votos, não conseguimos de outra forma fazer isso", argumentou.

O venezuelano considerou que estas eleições "estão um pouco turvas", opinando que com as pessoas na rua e "com vontade de defender o voto, é possível mudar o rumo da Venezuela".

"Não percebo de quantas formas mais podem enganar um povo que já pede há muitos anos uma mudança", enfatizou, realçando que "os olhos do mundo estão colocados nestas eleições" pelo que "é impossível ocultar mais que o regime que está neste momento não tem poder".

Para Enrique Vieira, "este é o momento em que os venezuelanos se têm de se juntar, defender o voto". " Desta vez vai haver uma música diferente no final da festa", concluiu.

Sobre a ameaça do Presidente Maduro que se perder as eleições haverá um banho de sangue, considerou que "o discurso da violência já não cabe, porque há um ar de liberdade, vontade de mudança que se vai sobrepor", assegurando que os venezuelanos não querem a violência, mas sim "Maduro aceite que vai ser derrotado e com todo o apoio que têm os candidatos da oposição" é algo que vai se concretizar.

Ainda considerou que o Governo ter impedido a entrada de alguns observadores internacionais comprova que "não quer que estas eleições sejam transparentes".

A votação na Madeira termina às 18h e os votos serão contados na segunda-feira, dia em que haverá uma manifestação no Largo do Colégio, no Funchal, pelas 17h.

Nas eleições deste domingo está a escolha de cerca de 21 dos 30 milhões de venezuelanos, repartida por dez candidatos, mas o resultado deverá decidir-se entre Maduro, do Partido Socialista Unido da Venezuela, que sucedeu no poder ao antigo líder Hugo Chavez, e o diplomata reformado Urrutia, que substituiu a candidata Maria Corina Machado, que o regime impediu de se candidatar.