Simone Biles voltou aos Jogos para voltar a ser perfeita

A ginasta norte-americana voltou à competição olímpica com uma exibição dominante nas qualificações, apesar de uma lesão no pé esquerdo.

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Simone Biles, ginasta norte-americana Amanda Perobelli / REUTERS
Simone Biles, ginasta norte-americana
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Simone Biles, ginasta norte-americana Hannah McKay / REUTERS
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Simone Biles Athit Perawongmetha / REUTERS
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A equipa norte-americana Jordan Chiles, Hezly Rivera, Jade Carey, Simone Bilese Sunisa Lee Hannah McKay / REUTERS
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Simone Biles, ginasta norte-americana Hannah McKay / REUTERS
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Qualquer ginasta já está a brilhar antes de subir ao praticável, saltar sobre o cavalo, ou manobrar nas paralelas assimétricas, com os cristais que são aplicados ao equipamento. Ninguém leva isto mais a sério do que as norte-americanas, que têm, não um, não dois, mas sete equipamentos diferentes para a competição olímpica, com um número de cristais a variar entre os três mil e os dez mil. Simone Biles não precisaria deste brilho extra para ser uma presença luminosa nos Jogos e isso viu-se em Paris, no seu regresso olímpico, para as qualificações da ginástica artística feminina. Veio, competiu, foi perfeita e foi aplaudida em todos os momentos.

No primeiro dia da ginástica feminina em Paris, todos os olhos (incluindo os de algumas celebridades, como Snoop Dog, Tom Cruise ou Lady Gaga) estavam nesta mulher norte-americana de 27 anos que, em Tóquio, sentiu que não tinha condições para ser perfeita – tinha aquilo que chamou “twisties”, algo que não sabia bem explicar mas em que sentia que não conseguia ter o controlo do próprio corpo, o que é perigoso para uma ginasta que arrisca tanto como Biles.

Já sabíamos que ela estava de volta, mas, às primeiras acrobacias em Paris, o lotado pavilhão Paris Bercy respirou de alívio. Esta era uma Simone Biles de cabeça limpa.

Na subdivisão 2, a primeira rotação colocou a equipa norte-americana na trave. Simone foi a quarta a subir e logo uma enorme ovação se fez ouvir – o público era maioritariamente norte-americano, mas, diga-se, generoso com os seus aplausos para outras bandeiras. Simone não parecia tão liberta como em outras aparições olímpicas.

Mais séria e menos sorridente, enfrentou o primeiro aparelho e ouviu nova ovação quando terminou. Logo aqui marcou uma posição, com o segundo melhor resultado do grupo – 14.733, com 6.400 de nota de dificuldade e 8.333 de execução. Melhor que ela, só a chinesa Yaquin Zhou (14.866, com nota de dificuldade mais alta, 6.600).

Foi assim durante todos os aparelhos. A norte-americana enfrentou-os todos como se fosse um trabalho, talvez já com o distanciamento que a idade e a vivência lhe deram e com menos deslumbramento dos primeiros tempos.

Foi no solo que veio o primeiro momento de deslumbramento, apesar de limitada com um incómodo no pé esquerdo (que estava enfaixado). Teve uma pequena penalização, mas ficou muito acima da concorrência (14.600), enquanto Jada Carey, campeã olímpica do solo em Tóquio, sofreu uma queda e foi fortemente castigada na pontuação final.

A terceira rotação colocou Simone no salto de cavalo, onde, já com a perna esquerda meio enfaixada, avançou para o Yurchenko Double Pike, classificado como o salto mais difícil, e também deixou a concorrência a milhas – um combinado de 15.300 entre os dois saltos, seguida de Carey (14.433).

Na rotação final, as paralelas assimétricas, Simone não esteve ao mesmo nível de outras, como a excelente argelina Kaylia Nemour (15.600), ficando-se pelos 14.433 – mas ela estava satisfeita com o que tinha feito num aparelho que não é a sua especialidade. E o sorriso luminoso e aberto apareceu logo a seguir.

Simone Biles está em Paris para juntar ao seu longo currículo mais umas quantas medalhas de ouro às que já tem – em Mundiais já foram 23, em Jogos Olímpicos vai em quatro. Todo o ouro olímpico que tem, conquistou-o no Rio de Janeiro em 2016, porque em Tóquio, sabemos bem o que aconteceu.

Ser perfeita todos os dias tem um preço alto e a norte-americana pagou-o, abdicando de competir em quase todas as finais individuais na capital japonesa (só fez a trave e ficou com o bronze) porque tinha perdido a noção do espaço e o controlo sobre o próprio corpo.

Em Paris, tem ambos.

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