Quando a ópera sai à rua: Cavalleria Rusticana no Festival ao Largo

Uma versão de concerto com pujança para se aguentar ao ar livre, no Largo de São Carlos. Com um sabor a despedida: é a última ópera ali antes do fechar de portas do Teatro por mais de dois anos.

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Coro do Teatro de São Carlos na Cavalleria Rusticana, em versão de concerto no Festival ao Largo bruno simão /TNSC
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O tenor Carlos Cardoso (Turiddu) entrou logo em grande (“O Lola c'hai di latti la camisa”) bruno simão /TNSC
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Cátia Moreso segurou as raivas, os ciúmes e as rebeldias da camponesa Santuzza muitíssimo bem bruno simão /TNSC
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Àngel Òdena (que foi Alfio), barítono em boa forma, seguro bruno simão /TNSC
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Ana Sofia Ventura muito bem no papel de Lola bruno simão /TNSC
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Vesselina Kasarova (uma Mamma Lucia, tremelicando um pouco demais) bruno simão /TNSC
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Quando a ópera sai à rua, há um efeito de dessacralização. O que é reservado passa a ser público, onde se espera silêncio surge ruído perturbador. Os sagrados da arte profanam-se. Quebram-se as convenções da sala e as distinções de classe (hoje é gratuito para todos), apesar de haver ainda uma hierarquização dos “melhores lugares” (para quem os apanhar). Quebra-se sobretudo a escuta concentrada e a atitude “devota” que vemos nos espectáculos de música clássica. O melómano frustra-se, porque na aparelhagem lá de casa tudo soa mais claro; o amante de ópera protesta, que não se sente o frissom da sala nem a real qualidade dos cantores; e o crítico desespera, porque não tem a certeza se foi fífia do naipe das cordas ou o chiar do eléctrico. Mas, apesar de tudo, não deixa de ser surpreendente como largas centenas de pessoas ali ficam (e muitas de pé!) um concerto inteiro. À espera que algo aconteça.

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