Portugal: onde somos precisos para atingir as metas sustentáveis de 2030?

Hoje assinalamos o Dia Nacional da Conservação da Natureza. Cada um de nós tem um papel fundamental a desempenhar para proteger o planeta, mas para cumprir a missão é preciso trabalharmos juntos.

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Hoje assinalamos o Dia Nacional da Conservação da Natureza: uma data que não serve apenas para preencher o calendário, mas para refletir sobre a importância do meio ambiente, consciencializar e incentivar a população a agir em conformidade para o proteger.

Este papel de conservação da natureza é evidenciado no Relatório de Desenvolvimento Sustentável (RDS) divulgado pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável (SDSN) das Nações Unidas, onde refere que nenhum dos dezassete Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) está a caminho de ser alcançado até 2030. Então, se apenas cerca de 16% das metas dos ODS estão a progredir e os restantes 84% demonstram um progresso limitado ou uma reversão, os objetivos estão estagnados, sem melhorias e em risco de ser impossível reverter as ações que prejudicam a natureza e o futuro de todos nós.

Segundo o ICNF, Portugal possui, quando comparado com outros países europeus, uma grande diversidade de paisagens, património geológico, biodiversidade aquática, terrestre e aérea e dentro desta, destaca-se um elevado número de endemismos e de espécies incríveis do ponto de vista biogeográfico e genético. Esta diversidade foi-nos dada e podemos admirá-la e valorizá-la todos os dias mas, podemos ficar sem as nossas praias, as nossas florestas, as nossas montanhas, os nossos rios, os nossos animais, a nossa flora, se não nos consciencializarmos e atuarmos.

Há cerca de 5 anos foi relatado um estudo que mostra que os insetos estão a desaparecer a um ritmo alucinante, de 2,5% ao ano. Num só século, podem extinguir-se! Contudo, devido a muitos movimentos de sensibilização e educação, estamos a conseguir ver, cada vez mais, borboletas, escaravelhos, abelhas, joaninhas, entre outros animais. A sobrevivência e perpetuação de espécies dependem da ação humana, através da realização de boas práticas ambientais; da utilização de produtos não nocivos para os animais e para o ambiente; da adoção de atitudes mais sustentáveis; e do respeito pelas diferentes espécies, garantindo, assim, o equilíbrio do Ecossistema.

A sobrevivência de insetos é um de muitos passos para se poder atingir as metas propostas para a proteção da vida na Terra até 2030. A proteção da biodiversidade e a concretização dos ODS deve ser vista como uma responsabilidade governamental; de grandes, médias e pequenas organizações; ONGs; e, também, de cada cidadão.

No Zoo Santo Inácio cabe-nos, acima de tudo, sensibilizar toda a comunidade para a necessidade urgente de conservar e preservar todas as espécies animais e de flora, permitindo o equilíbrio dos ecossistemas e favorecendo um mundo onde todas as espécies possam coabitar de forma tranquila e duradoura, incluindo os seres humanos. Através de vários programas de reprodução de espécies animais, especialmente das que se encontram mais ameaçadas de extinção na natureza; do financiamento a ONGs que trabalham nos locais de origem dos animais (in-situ); da partilha de conhecimento com laboratórios, universidades e centros de investigação; da qualificação de staff que lida com os animais selvagens; da partilha de conteúdos pedagógicos sobre a preservação; e do estudo observacional das espécies selvagens, o Zoo apoia a conservação a nível global, contribuindo para a continuidade de espécies selvagens, de linhagens geneticamente puras.

Para que a conservação da biodiversidade tenha sucesso, a sociedade precisa de ser inspirada a se preocupar, a entender os animais e as ameaças que eles enfrentam na natureza. Para isso, defendemos que é necessário que os visitantes e os seguidores do trabalho que se realiza nos Zoos e Aquários, se envolvam, através de uma aproximação aos animais e seus habitats, permitindo desenvolver uma experiência sensorial que desencadeia uma vontade de ajudar e de preservar, agindo como embaixador na conservação. Assim, através da visita e ao conhecerem as mais de 150 espécies que aqui habitam, os visitantes podem observar as suas características, os seus comportamentos, e perceber o papel de cada animal na natureza.

Atualmente, são mais de três milhões os visitantes que os Zoos e Aquários portugueses recebem todos os anos. A nível europeu, um em cada cinco cidadãos visita um parque zoológico. O apoio por parte dos visitantes tem aumentando de ano para ano, demonstrando um maior interesse e vontade de lutarem pelo restauro da Biodiversidade.

Cada um de nós tem um papel fundamental a desempenhar para proteger o planeta que nos foi entregue. Contudo, tal como na escola, os cidadãos precisam de um mentor, que forneça os guiões de conduta, que divulgue os dados reais do estado da nossa natureza e que forneça os desafios e os TPC que temos de realizar para que, todos em conjunto, os possamos colocar em prática por forma a inverter o retrocesso da Biodiversidade.

O que é proposto, aos cidadãos portugueses, para inverter a perda da Biodiversidade? Que medidas efetivas devem ser colocadas em prática nas nossas casas ou nas nossas empresas? Quais os animais ou ecossistemas em maior risco em Portugal? Onde é que deverá existir o maior foco por parte da sociedade e das organizações? O que sabemos sobre o nosso país a nível de ações para atingir os 17 ODS em 2030?

Para preservarmos e para atingirmos os objetivos propostos, é fundamental trabalhar em conjunto. Ainda temos 6 anos pela frente que, com uma boa estratégia, que envolva as diferentes áreas de atuação, ainda podem ser recuperados.

A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico.