“Turbulento” e “inusitado”. O relato de Sebastião Bugalho, expulso da Venezuela

Eurodeputado português integrou a comitiva do Partido Popular Europeu, que foi impedida de entrar no país.

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Sebastião Bugalho diz que a delegação do PPE agiu de forma "irrepreensível" Nuno Ferreira Santos
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Uma viagem turbulenta, com situações inusitadas e alguma tensão. Acabado de chegar a Madrid, depois de ter ficado retido no aeroporto de Caracas e ter sido expulso da Venezuela, o eurodeputado Sebastião Bugalho — que integrou a delegação do Partido Popular Europeu (PPE) impedida de entrar no país — descreve assim os acontecimentos dos dois últimos dias. Com “pena” pelo sucedido, mas com a “esperança” de que as eleições deste domingo marquem uma viragem na política venezuelana.

De acordo com o relato de Sebastião Bugalho ao PÚBLICO, logo à chegada a Caracas o eurodeputado ficou “retido” com Esteban Gonzalez, eurodeputado e vice-presidente do Parlamento Europeu, e com membros de outras delegações que se deslocavam a Caracas, do Senado e do Congresso espanhóis, além de dois membros de uma ONG, sem telemóvel e com o passaporte confiscado.

“Acabámos apinhados numa sala a lerem-nos uma proclamação, que recusaram fornecer por escrito, em que nos era recusado o estatuto de observadores eleitorais — coisa que nunca quisemos — e onde éramos acusados de ter desrespeitado a soberania da Venezuela e de termos sancionado a Venezuela”, afirma, para acrescentar: “Não deixa de ser um pouco inusitado, tendo tomado posse há menos de duas semanas não tive tempo de sancionar nem a Venezuela, nem ninguém.”

Sebastião Bugalho rejeita liminarmente os termos da declaração, garantindo que a delegação do PPE agiu "formalmente, institucionalmente e diplomaticamente" de forma "irrepreensível", tendo afirmado publicamente que a deslocação seria feita com "total respeito pela soberania da Venezuela".

“Nunca quisemos ser observadores eleitorais, nunca presumimos encetar esse tipo de missão, era uma viagem de acompanhamento a convite da oposição democrática, coisa que é relativamente comum em qualquer democracia. E perguntámos repetidamente às autoridades venezuelanas, antes da viagem, se seríamos proibidos de entrar, o que nunca nos foi respondido formalmente”, afirma.

Acabaram por ser reencaminhados para um voo de volta, com “alguma tensão”, no desfecho de uma viagem que qualifica como “turbulenta” e sobre a qual sublinha uma "nota gratidão" ao apoio do corpo diplomático português, à delegação portuguesa da AD em Bruxelas e ao seu staff pessoal, pelo apoio durante as horas no aeroporto de Caracas.

O eurodeputado português diz olhar com “optimismo e esperança” para as eleições venezuelanas deste domingo, garantindo que “se tudo ficar na mesma” — com Nicolás Maduro no poder — o PPE “não ficará indiferente ao modo como foi tratado”: “Iremos tomar medidas.” Que medidas? “O que posso dizer agora é que aquilo que se passou não será inconsequente.”

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