Governo pede à APA solução para problema de falta de água em Mértola

Freguesia de Espírito Santo sobre de défices hídricos crónicos, que obriga à utilização de auto-tanques para abastecimento no Verão

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Mértola tem dois locais em que a falta de água no Verão é crónica, Espírito Santo e Mesquita Rui Gaudêncio (Arquivo)
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O Governo pediu à Agência Portuguesa do Ambiente que elabore uma solução de abastecimento público de água a uma freguesia de Mértola (Beja) e avance com a recuperação das margens do Guadiana, no mesmo concelho, foi anunciado este sábado.

Em comunicado, o Ministério do Ambiente e Energia indicou que a ministra Maria da Graça Carvalho solicitou à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) um plano que permita o abastecimento público regular de água potável à freguesia do Espírito Santo, em Mértola.

As localidades desta freguesia alentejana "são afectadas, todos os anos, por grandes défices hídricos, obrigando a que as populações sejam servidas com recurso a auto-tanques, no período do Verão", justificou a tutela.

Segundo a tutela, pretende-se "uma resposta eficaz" para os problemas que afectam, sobretudo, Espírito Santo e Mesquita, uma outra povoação localizada junto à aldeia ribeirinha do Pomarão e que pertence à mesma freguesia.

Na aldeia de Mesquita, adiantou o ministério dirigido por Maria da Graça Carvalho, vai ser instalada uma unidade de captação de água superficial do rio Guadiana, junto ao Pomarão, para o reforço do sistema Odeleite-Beliche, no Algarve.

"Tendo em conta que o abastecimento de água em Mértola é assegurado em cerca de 80% pela Águas Públicas do Alentejo (AgdA) e o restante por captações da câmara municipal, é intenção da ministra do Ambiente e Energia que o alargamento do abastecimento de água potável a Mesquita, que a APA venha a desenvolver, seja feito em articulação com aquelas duas entidades", adiantou.

Reabilitação das margens do Guadiana

No comunicado, o Ministério do Ambiente e Energia revelou que a governante também mandatou a APA a avançar com o apoio e financiamento da reabilitação das margens do rio Guadiana, entre a vila de Mértola e a localidade do Pomarão.

"Apesar de o rio Guadiana ser navegável entre Mértola e Vila Real de Santo António, numa distância de 68 quilómetros, no troço entre a aldeia ribeirinha do Pomarão e a vila de Mértola, a navegação é condicionada pelo efeito da maré", assinalou.

A tutela frisou que a navegação naquela zona do rio é condicionada sobretudo "pelo progressivo assoreamento devido ao excesso de sedimentos, que têm vindo a acumular-se desde que o Alqueva encerrou comportas, em 2002".

"Ou seja, o fluxo de água não assegurará a limpeza de fundo, dando-se uma acumulação de areias e demais sedimentos", explicou.

Estas decisões surgem após uma reunião da ministra com o presidente da Câmara de Mértola, realizada, esta semana, em Lisboa, na qual o autarca sinalizou que o concelho regista "um problema crónico de escassez de água e elevado stress hídrico".

"A ministra do Ambiente e Energia decidiu que o aumento da capacidade hídrica que a captação do Pomarão irá permitir não pode ignorar as necessidades da população de Espírito Santo", sublinhou o ministério.

Citada no comunicado, a governante vincou que "a garantia de acesso à água potável é um direito fundamental" e que, devido à "grave situação de escassez hídrica" naquela freguesia de Mértola, pediu à APA "uma solução sustentável e eficaz para o abastecimento regular da população".

"A articulação com os parceiros locais será crucial para garantir que esta medida tenha um impacto positivo na vida das pessoas", declarou ainda Maria da Graça Carvalho, destacando o compromisso do Governo em garantir o acesso à água potável e a necessidade de uma solução a longo prazo para a escassez hídrica.

Na sequência destas decisões da ministra do Ambiente e Energia, acrescentou a tutela, já foram agendadas reuniões entre as equipas técnicas da APA e da Câmara de Mértola.