Jerónimo Martins perde quase 17% em bolsa após anunciar quebra dos lucros

Acções do maior grupo retalhista alimentar português foram penalizadas na negociação diária, chegando a recuar 19% durante a sessão. Lucros semestrais da dona do Pingo Doce caíram 29,1%.

Foto
Pedro Soares dos Santos, líder da Jerónimo Martins Maria Abranches
Ouça este artigo
00:00
02:50

As acções da sociedade cotada Jerónimo Martins encerraram a negociação em bolsa nos 16,30 euros por título esta quinta-feira, uma queda de 16,58% face ao fecho do dia anterior. O mercado penalizou as acções do grupo de distribuição alimentar logo no arranque da negociação na bolsa de Lisboa desta quinta-feira, a primeira sessão após a apresentação dos resultados semestrais da Jerónimo Martins SGPS.

As acções da Jerónimo Martins fecharam a 19,54 euros na quarta-feira e hoje abriram a 17,50 euros.

Depois do fecho do mercado na quarta-feira, a Jerónimo Martins anunciou num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) que os lucros caíram 29,1% no primeiro semestre deste ano, atingindo 253 milhões de euros.

“No período, a margem EBITDA [resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações] foi substancialmente pressionada pela combinação do desacelerar significativo da inflação alimentar, num movimento de correcção dos aumentos extraordinários verificados nos anos anteriores, com uma elevada inflação ao nível dos custos, essencialmente motivada pela subida dos salários”, destacou a dona do Pingo Doce, na mesma nota.

Os resultados do grupo incorporam uma dotação inicial de 40 milhões de euros da recém-criada Fundação Jerónimo Martins, informou a empresa.

“O desempenho do segundo trimestre deste ano incorpora, para além da deflação, o efeito negativo de calendário, essencialmente devido à Páscoa, que em 2023 ocorreu no segundo trimestre do ano”, explicou ainda o grupo.

O EBITDA subiu 3,5%, para mais de mil milhões de euros, “acusando a pressão do investimento em preço e da desalavancagem operacional”, referiu o grupo. A margem EBITDA recuou na maior pare das insígnias do grupo, cerca de 0,5 pontos percentuais, para 6,4%.

As vendas, por sua vez, cresceram 12,3%, para 16,3 mil milhões de euros, adiantou.

Na Polónia, a cadeia Biedronka registou vendas de 11,5 mil milhões, mais 11,9% do que no primeiro semestre do ano passado, e abriu 60 lojas no período (51 lojas líquidas), tendo realizado 104 remodelações.

A cadeia de para-farmácias Hebe, no mesmo país, atingiu vendas de 271 milhões de euros, 30,6% acima do primeiro semestre do ano anterior.

Em Portugal, a cadeia de supermercados Pingo Doce registou vendas de 2,4 mil milhões de euros, um crescimento de 5,9% e o programa de remodelações abrangeu 41 lojas no semestre.

A Recheio, companhia grossista que fornece a chamada rede Horeca (hotéis, restaurantes e cafés) em Portugal registou vendas de 645 milhões de euros, 2,1% acima do primeiro semestre do ano anterior, adiantou a Jerónimo Martins.

Na Colômbia, a rede de lojas alimentares de proximidade Ara contabilizou vendas de 1,4 mil milhões de euros no semestre, 32,1% acima do período homólogo. “A insígnia inaugurou 59 novas lojas, fechando o semestre com um parque de 1349 localizações”, referiu o grupo.

Notícia actualizada às 17h, após o fecho da negociação na bolsa de Lisboa, com os valores de fecho da sessão diária.