BE diz que Presidente da República está “determinado” na revisão da lei da imigração
Mariana Mortágua afirmou que “começamos a compreender a dimensão do problema que foi criado quando começamos a ver o Governo a criar excepções à própria regra que criou”.
A coordenadora do BE afirmou esta quarta-feira que sentiu "determinação" por parte do Presidente da República sobre a necessidade de rever a lei da imigração e argumentou que as excepções criadas para atletas mostram "o erro" do Governo.
"Longe de mim falar pelo senhor Presidente da República. O que posso dizer é que sentimos determinação por parte do Presidente da República quanto à necessidade de rever esta lei e sentimos determinação da parte do Presidente da República quanto ao carácter temporário e excepcional que deveria ter tido a lei do Governo", afirmou Mariana Mortágua, em declarações aos jornalistas no Parlamento, após uma audiência com Marcelo Rebelo de Sousa no Palácio de Belém sobre a lei da imigração e o fim do mecanismo da manifestação de interesse.
Segundo a coordenadora do BE, Marcelo Rebelo de Sousa transmitiu à delegação do partido que "as restrições que foram criadas pelo Governo deveriam ter um carácter temporário" e que a lei "deve ser revisitada a breve trecho".
"Sabemos que esta não é a posição do Governo. Aliás, tivemos a oportunidade também de confrontar o Governo, ainda há pouco tempo, numa outra reunião, que nos disse que pretendia manter tudo como está e notamos a opinião do senhor Presidente da República e a posição do Bloco de Esquerda de que possamos rever esta lei, reintroduzir a manifestação de interesse e encontrar formas para regularizar as pessoas em Portugal. A melhor forma de acolher imigrantes é regularizar imigrantes", defendeu.
Mortágua insistiu que as novas regras do executivo criam vários problemas, entre eles, "um problema de pressão nos serviços, que não terão qualquer resposta para a quantidade de imigração que está em situação irregular e uma resposta aleatória de processo de regularização, 'ad hoc', criando situações de privilégio e discriminação por mera vontade do Governo".
"Começamos a compreender a dimensão do problema que foi criado quando começamos a ver o Governo a criar excepções à própria regra que criou. Hoje é para futebolistas que vão ter um regime excepcional, uma via verde para a sua regularização. Amanhã será para construir o aeroporto, depois de amanhã será para fazer uma outra obra. Quando, na verdade, o que é preciso admitir é que é necessário regularizar estas pessoas em Portugal", argumentou Mariana Mortágua, numa referência ao facto de o executivo ter viabilizado autorizações de residência mais rápidas para atletas extracomunitários.
Para o BE, as recentes alterações à lei são "um erro" e "uma irresponsabilidade". A dirigente argumentou ainda que a lei "já está a ser revista pelo Governo" ao criar "regimes excepcionais, de privilégio".
"A única forma de contrariarmos esta arbitrariedade que cria discriminações e privilégios e abre a porta para todo o tipo de abusos é ter uma regra. E a regra é que quem vem até Portugal, quem vem a Portugal porque quer fazer a sua vida aqui e porque está a trabalhar, tem de estar regular. E a resposta dos Estados tem de ser regularizar estas pessoas", defendeu.
Mortágua lembrou que o BE já propôs no Parlamento a reintrodução da manifestação de interesse, mas que a iniciativa foi chumbada "pela direita e também pelo PS", dizendo esperar que o tema regresse ao à Assembleia da República após a pausa dos trabalhos para férias.