Donald Trump fez doações a campanhas antigas de Kamala Harris

Registos financeiros mostram que Trump – antes de entrar na política – doou 6000 dólares (cerca de 5500 euros) para as campanhas de reeleição de Kamala Harris, então procuradora-geral da Califórnia.

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Donald Trump apoiou no passado uma campanha de Kamala Harris Tom Brenner / REUTERS
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Numa altura em que a vice-presidente Kamala Harris recebe um fluxo recorde de doações após a decisão de Joe Biden de se afastar da corrida presidencial, e em que é já o alvo principal dos ataques dos republicanos, os democratas aproveitam para recordar um dos antigos financiadores de anteriores campanhas da candidata californiana: Donald Trump.

Registos financeiros oficiais das campanhas mostram que Trump – antes de entrar na política – doou 6000 dólares (cerca de 5500 euros) às campanhas para a reeleição de Kamala Harris quando esta era procuradora-geral da Califórnia.

Esta verba incluiu um donativo de 5000 dólares (aproximadamente 4600 euros) para a campanha de Harris em Setembro de 2011 e outro de 1000 dólares (cerca de 921 euros) em Fevereiro de 2013. Ivanka Trump, filha do ex-Presidente, doou também 2000 dólares (1840 euros) a Harris em 2014.

"Foi um investimento sensato", escreveu, com ironia, o congressista democrata Jared Moskowitz nas redes sociais sobre o donativo de Trump, juntamente com uma imagem de um cheque de 5000 dólares assinado pelo republicano.

O Washington Post tinha noticiado já estes donativos de Trump em Agosto de 2020, quando Harris concorria a "vice" ao lado do democrata Joe Biden. Harris, com o apoio de Biden, surge agora como presumível candidata do Partido Democrata para fazer frente a Trump nas eleições de 5 de Novembro.

"Quando Trump passou aquele cheque para reeleger Kamala Harris em 2011, aposto que ele não pensou que ela o iria descontar em 2024", comentou no X (antigo Twitter) o antigo chairman do Comité Nacional Republicano, Michael Steele – e um crítico declarado de Trump que apoiou Biden em 2020.

"Naquela altura, há cerca de 15 anos, o Presidente Trump era um homem de negócios internacional e sabia como jogar e ganhar o jogo com políticos corruptos como Kamala Harris", disse o porta-voz da campanha de Trump, Steven Cheung, num email enviado na terça-feira. "Agora ele vai terminar o trabalho de expulsar todos esses políticos corruptos do poder".

Harris foi procuradora-geral da Califórnia de 2011 a 2016, altura em que foi eleita para o Senado dos EUA. Harris disse que encaminhou os donativos de Trump para instituições de solidariedade em 2015, ano em que Trump iniciou a sua campanha para a presidência dos EUA.

Harris já foi questionada no passado sobre se as doações de Trump estariam relacionadas com os problemas legais da Universidade Trump, que fechou em 2011 após várias investigações e queixas de estudantes que se sentiam defraudados. A dita universidade nunca foi reconhecida como tal pelas autoridades regulatórias, limitando-se a vender formações sobre o sector imobiliário.

Quando Trump fez donativos para as campanhas de Harris, a Universidade Trump já tinha sido encerrada e enfrentava uma acção civil colectiva de antigos alunos na Califórnia, bem como uma investigação do procurador-geral de Nova Iorque. Enquanto Harris era procuradora-geral da Califórnia, o seu gabinete não tomou qualquer medida contra a Universidade Trump.

Harris não usou o dinheiro doado por Trump, disse a campanha de Biden através de um porta-voz em 2020, negando igualmente as suspeitas de qualquer conduta imprópria da ex-procuradora californiana na investigação às queixas contra a Universidade Trump.

No passado, não era invulgar Trump fazer donativos a candidatos democratas. Enquanto empresário em Nova Iorque, tinha feito donativos a ambos os senadores democratas que viria a enfrentar em eleições presidenciais: Hillary Clinton e Joe Biden. Trump fez um donativo para a campanha de Biden para o Senado em 2001 e para a de Clinton várias vezes, ainda em 2006. Mas, depois de 2010, segundo os registos financeiros oficiais, Trump começou a doar quase exclusivamente aos republicanos.

No passado, Trump disse que via a contribuição para Harris como um favor a Eric Schneiderman, na altura procurador-geral de Nova Iorque. Num depoimento de 2013, Trump disse que uma figura política próxima de Schneiderman perguntou à filha Ivanka "se ela poderia providenciar para que fizesse uma contribuição para um evento de angariação de fundos patrocinado por Schneiderman para a recém-eleita Procuradora-Geral da Califórnia, Kamala D. Harris".

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