Proibida a observação de golfinhos na entrada do estuário do Sado em Agosto, avisa o ICNF

Observação de golfinhos e permanência de embarcações marítimo-turísticas e recreativas na entrada do Estuário do Sado, em Setúbal, está proibida em Agosto para proteger a população actual de cetáceos.

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Existem no estuário do Sado cerca de 27 golfinhos roazes, incluindo 5 crias GettyImages
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O Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) anunciou esta quarta-feira que a observação de golfinhos e a permanência de embarcações marítimo-turísticas e recreativas numa área restrita da entrada do estuário do Sado, em Setúbal, está proibida entre os dias 1 e 30 de Agosto para proteger a população actual de cetáceos.

"De acordo com os últimos dados, existem, no estuário do Sado, cerca de 27 golfinhos roazes (Tursiops truncatus), incluindo cinco crias e alguns exemplares com mais de 40 anos", refere o comunicado. A decisão "resulta das conclusões do Estudo de Reavaliação da Capacidade de Carga de Observação de Cetáceos no Estuário do Sado e zona marinha adjacente, realizado em 2022". Em Julho do ano passado, o ICNF anunciou pela primeira vez esta medida de protecção aos golfinhos do estuário.

O comunicado lembra que o estudo de 2022 destacava "a vulnerabilidade desta população devido ao seu reduzido número e à baixa probabilidade de crescimento até 2030". Assim, para mitigar os impactos negativos da actividade humana, o ICNF implementa, pelo segundo ano consecutivo, a "restrição experimental de observação de golfinhos na entrada do estuário".

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ICNF/Edital

As actividades de observação de cetáceos e navegação marítimo-turística continuarão a ser permitidas na Costa da Arrábida, Costa de Tróia e restante Sado, excepto numa área restrita. "Estas medidas excepcionais durante a época balnear têm como principal objectivo reduzir a perturbação associada à presença humana, protegendo assim a população de golfinhos roazes do Sado", reforçam os responsáveis do instituto.

No edital do instituto que suporta esta decisão, o instituto refere ainda que "após a tendência de declínio observada na década de 90, seguiu-se um ligeiro incremento originado pela sobrevivência das crias nascidas a partir de 2010". "Continuam, no entanto, a existir factores de risco que podem dificultar a capacidade de recuperação da população e a tornam especialmente vulnerável a perturbações antropogénicas", justifica.

Sobre a área afectada por esta proibição, o ICNF informa que esta interdição abrange uma zona específica na entrada do estuário, entre o Farol do Outão, o molhe da Marina de Tróia e a entrada do Porto de Pesca. "Na restante área do estuário do Sado e área marinha adjacente, estabelece-se a suspensão diária de actividade de observação de cetáceos apenas no período entre as 13h e as 15h."