Partido Democrata planeia antecipar nomeação de Kamala Harris

Vice-presidente dos Estados Unidos já garantiu o apoio de 2668 delegados à convenção nacional, marcada para meados de Agosto — mais 692 do que os necessários para a nomeação.

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A nomeação de Harris pode ser confirmada 12 dias antes da convenção do Partido Democrata Erin Schaff / VIA REUTERS
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A direcção do Partido Democrata está a trabalhar para oficializar a candidatura de Kamala Harris à Casa Branca dentro de duas semanas, a 7 de Agosto — 12 dias antes da convenção nacional do partido, o palco habitual da votação para a escolha dos candidatos à Presidência dos Estados Unidos.

A antecipação do processo de nomeação já estava nos planos do Partido Democrata antes da desistência de Joe Biden, no domingo, e prende-se com um possível conflito de datas com a certificação das candidaturas à Casa Branca no estado do Ohio.

Segundo a agência Associated Press, a direcção do Partido Democrata está a ultimar os preparativos para que os delegados à convenção nacional — marcada para 19 a 22 de Agosto, em Chicago — anunciem a sua votação numa reunião virtual, na semana de 7 de Agosto.

Os trabalhos para a antecipação da nomeação de Harris ganharam um novo fôlego na noite de segunda-feira, depois de a vice-presidente dos EUA ter obtido a garantia de que irá ser apoiada por pelo menos 2688 delegados à convenção nacional, mais 692 do que o mínimo necessário (1976) para carimbar a sua nomeação.

Convergência rápida

Nas 24 horas que se seguiram ao anúncio da desistência de Biden, entre domingo e segunda-feira, a campanha de Harris angariou uma soma recorde de 81 milhões de dólares (74 milhões de euros).

Ao mesmo tempo, a vice-presidente dos EUA recebeu o apoio de uma grande maioria dos congressistas e dos senadores do seu partido, além da bênção de vários governadores que eram vistos como seus possíveis adversários internos na convenção, e de algumas das principais figuras do Partido Democrata, como Nancy Pelosi.

A maioria dos delegados que se comprometeram a votar em Harris na convenção nacional — ou, se for esse o caso, numa votação virtual, 12 dias antes — estavam anteriormente "presos" à nomeação de Biden, mas ficaram livres para votarem em qualquer outro candidato depois da desistência do Presidente dos EUA. Ao anunciar o seu afastamento da corrida, Biden declarou apoio à candidatura de Harris.

Segundo o presidente do Partido Democrata da Califórnia — o estado de Harris e de Pelosi —, Rusty Hicks, entre 75% e 80% dos delegados californianos à convenção do Partido Democrata declararam o seu apoio à vice-presidente dos EUA, numa reunião realizada na noite de segunda-feira.

"Não ouvi ninguém a mencionar o nome de qualquer outro possível candidato", disse Hicks. "A votação desta noite é um marco importante."

Harris ataca Trump

Também na noite de segunda-feira, mas no estado do Delaware, Harris apontou baterias a Donald Trump, no seu primeiro discurso como provável candidata à Casa Branca pelo Partido Democrata.

Encarnando o papel de advogada de acusação — Harris foi procuradora do Ministério Público da Califórnia durante 13 anos, primeiro como responsável pela região de São Francisco e depois como procuradora-geral do estado —, a vice-presidente dos EUA disse que Trump é "o tipo" de criminoso que se habituou a investigar e a acusar durante anos.

"Predadores que abusam de mulheres. Defraudadores que enganam os consumidores. Aldrabões que violam as regras em benefício próprio. Acreditem em mim quando vos digo que conheço bem o tipo de pessoas como Donald Trump", disse Harris.

Antes da intervenção de Harris, Biden falou aos voluntários da campanha por telefone, numa altura em que ainda se encontra a recuperar de um teste positivo à covid-19.

"O nome do principal candidato mudou, mas a nossa missão é a mesma", disse o Presidente dos EUA, antes de confirmar que vai estar ao lado de Harris durante a campanha.

"Eu vou continuar aqui. Vou trabalhar a sério — tanto na Casa Branca, para garantir que continuamos a aprovar as nossas propostas, como na campanha presidencial", disse Biden.

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