Those About to Die tem lutas de gladiadores e Anthony Hopkins

A série criada por Robert Rodat e realizada por Roland Emmerich é baseada no livro homónimo de Daniel P. Mannix que também inspirou Gladiador. Falámos com Iwan Rheon, um dos protagonistas.

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Iwan Rheon é Tenax em Those About to Die DR
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O alemão Roland Emmerich estreou-se em Hollywood em 1992, com Máquinas de Guerra, um filme de acção futurista com Jean-Claude Van Damme e Dolph Lundgren, que lançou um franchise. Seguiu-se Stargate, que também deu origem a uma série. Em 1996, fez explodir a Casa Branca em O Dia da Independência. Voltou a fazê-lo em 2012, de 2009. Gosta sobretudo de fazer estourar edifícios e entreter as pessoas com acção e ficção científica.

Those About to Die, que se estreou no Prime Video da Amazon na última sexta-feira, marca a primeira vez que Emmerich faz uma série de televisão, realizando metade dos dez episódios. Aqui não há Casa Branca para fazer explodir, nem soldados futuristas ou invasões extraterrestres. É um épico do género do filme peplum, passado na Roma Antiga entre o mundo das lutas de gladiadores. A série, baseada num livro homónimo de Daniel P. Mannix editado em 1958, que no ano 2000 serviu de inspiração para o Gladiador de Ridley Scott (que tem uma sequela a estrear-se daqui a uns meses), tem Robert Rodat à frente da escrita. Rodat pode ter sido nomeado para um Óscar pelo guião de O Resgate do Soldado Ryan, de Steven Spielberg, para quem criou também a série televisiva Falling Skies, mas também é um colaborador frequente de Emmerich, tendo escrito O Patriota, do ano 2000, e ainda ajudado com 10.000 AC, de 2008. Não há aqui pretensões artísticas.

Há várias histórias contadas na série. Anthony Hopkins é o imperador Vespasiano, que tem dois filhos, Tito (Tom Hughes) e Domiciano (Jojo Macari), ambos potenciais sucessores. Domiciano tem vários esquemas. No meio de tudo está Tenax, a quem é dada vida pelo galês Iwan Rheon, que foi o malévolo Ramsay Bolton em A Guerra dos Tronos. Uma figura do submundo que nasceu pobre e foi ganhando poder, é corretor de apostas, entre muitas outras actividades, e tenta ganhar legitimidade. Uma personagem define-o em dada altura como "melhor do que uns, pior do que outros". Há também uma mãe a tentar libertar os filhos da escravidão que é interpretada por Sara Martins, actriz francesa nascida em Faro, que se junta a Tenax.

Numa breve conversa com o PÚBLICO via Zoom, Rheon falou de alguma da pesquisa que fez. Envolveu ouvir e reouvir horas e horas do podcast The History of Rome, do historiador americano Mike Duncan, "porque quis". "Tinha alguma ideia de Roma, mas é uma história tão vasta. Queria saber mais e são coisas que a personagem saberia. Fui ouvindo enquanto viajava, em tempos mortos de espera", continua, à procura dos mitos fundadores da cidade. Conseguiria ter feito o papel sem essa preparação? "Acho que sim, mas apreciei, percebes? Tornei-me um geek da Roma Antiga." Não é a que série esteja muito investida na verosimilhança, mas está a lidar em alguns casos com personagens e eventos que aconteceram mesmo na vida real.

Há dois anos, o actor impressionou na minissérie galesa A Luz ao Fundo, que passou na RTP2. "Era uma coisa tão íntima", comenta. Esta é uma "besta completamente diferente". "Há cenários incríveis e guarda-roupa, e isso ajuda, mas há também tecnologia que ainda estamos a perceber como usar, algo com que não tens de te preocupar numa série de televisão com um orçamento relativamente baixo. A ambição disto era gigante", mantém. "Mas, essencialmente, o meu trabalho é o mesmo: contar a história pela personagem e a verdade dela. Só a escala é que é maior e o catering é melhor, porque estávamos em Itália." Quanto à tecnologia, é algo que se nota na série, que, do ponto de vista dos efeitos visuais digitais, acaba por deixar um pouco a desejar.

Sobre o maximalismo de Emmerich, o actor explica que o realizador "está sempre a queixar-se de que tudo é demasiado pequeno". "Ele adora grandes lentes angulares", comenta. "Não há ninguém melhor para fazer estas corridas épicas de biga e para mostrar a escala de Roma", conta, além de "ter uma atenção incrível ao detalhe" e dar espaço aos actores, só dando dicas quando é realmente necessário.

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