O Pinguim e o Ovo: duas galáxias a fundirem-se captadas pelo telescópio James Webb
As duas galáxias em processo de fusão – uma apelidada de Pinguim e a outra de Ovo – estão situadas a 326 milhões de anos-luz da Terra, na constelação Hidra.
A NASA divulgou um par de imagens obtidas pelo telescópio espacial James Webb que mostram duas galáxias – uma apelidada de Pinguim e a outra de Ovo – em processo de fusão, numa espécie de ballet cósmico, numa altura em que a agência espacial norte-americana assinala dois anos desde que revelou os primeiros resultados científicos daquele telescópio em órbita da Terra.
O James Webb, que foi lançado em 2021 e começou a recolher dados no ano seguinte, veio ajudar a reformular a compreensão dos primórdios do Universo, ao mesmo tempo que tirou fotografias deslumbrantes do cosmos. As duas galáxias que aparecem nas imagens estão situadas a 326 milhões de anos-luz da Terra, na constelação Hidra. Um ano-luz é a distância que a luz percorre num ano, o que corresponde a cerca de 9,5 biliões de quilómetros.
“Vemos duas galáxias, cada uma delas com milhares de milhões de estrelas. As galáxias estão em processo de fusão. Esta é uma forma comum de galáxias, como a nossa, se formarem ao longo do tempo, crescendo de pequenas galáxias – como as que o James Webb encontrou pouco depois do Big Bang – para galáxias maduras como a nossa Via Láctea”, disse Jane Rigby, cientista do projecto James Webb da NASA.
Desde que entrou em funcionamento, o telescópio James Webb tem observado galáxias repletas de estrelas que se formaram algumas centenas de milhões de anos após o Big Bang, que marcou o início do Universo há cerca de 13.800 milhões de anos.
A fusão das galáxias Pinguim e Ovo é conhecida colectivamente como Arp 142. Na imagem divulgada pela NASA, as galáxias mostram-se unidas por uma névoa, que é uma mistura de estrelas e gases.
A galáxia Pinguim, assim chamada porque a sua forma, na perspectiva do telescópio, se assemelha a essa ave que não voa, é formalmente chamada de NGC 2936 e é uma galáxia em forma de espiral. A galáxia Ovo, também nomeada pela sua forma, é formalmente chamada de NGC 2937 e é uma galáxia compacta de forma elíptica. Juntas, a sua aparência sugere um pinguim a guardar o seu ovo.
A sua interacção, segundo a NASA, foi desencadeada entre há 25 milhões e 75 milhões de anos, e espera-se que se tornem uma única galáxia daqui a centenas de milhões de anos.
O telescópio James Webb detectou as primeiras galáxias conhecidas e forneceu informações em áreas como a composição de planetas para além do nosso sistema solar, conhecidos como exoplanetas, e a natureza das regiões de formação de estrelas no cosmos.
“Esta missão permitiu-nos olhar para as galáxias mais distantes alguma vez observadas e compreender o Universo primitivo de uma nova forma”, salientou Mark Clampin, director da divisão de astrofísica da sede da NASA. “Por exemplo, com o James Webb, descobrimos que estas galáxias muito antigas são mais maciças e mais brilhantes do que esperávamos, colocando a questão: Como é que se tornaram tão grandes tão rapidamente?”, acrescentou.
O James Webb foi concebido para ser mais sensível do que o seu antecessor, o telescópio espacial Hubble, que também continua ainda hoje o seu trabalho. O james Webb observa o Universo principalmente em infravermelho, enquanto o Hubble o analisa sobretudo em comprimentos de onda ópticos e ultravioletas.
“O James Webb é o maior e mais potente telescópio alguma vez posto em funcionamento [no espaço]. É especializado na captação de luz infravermelha – comprimentos de onda de luz mais longos do que os nossos olhos conseguem ver. Com a sua incrível sensibilidade a esses comprimentos de onda, conseguimos olhar para os primórdios do Universo de uma forma que as missões anteriores não conseguiram, penetrar através da poeira e do gás no coração da formação estelar e examinar a composição das atmosferas dos exoplanetas como nunca antes”, realçou ainda Mark Clampin.
Olhando para o futuro, Mark Clampin acrescentou: “Algumas das investigações mais emocionantes do James Webb serão coisas em que ainda nem sequer pensámos.”