Portugal quer aumentar a quota das renováveis no consumo de eletricidade para 93% até 2030
Projecto actualizado do plano energético e climático de Portugal é apresentado esta segunda-feira para consulta pública até Setembro. Há mais ambição nas renováveis mas país reduz metas no hidrogénio.
Portugal planeia aumentar a contribuição das energias renováveis no consumo de electricidade para 93% até 2030 [actualmente a quota estará já nos 87%], como parte do seu esforço de descarbonização, de acordo com um projecto actualizado do seu plano energético e climático visto pela Reuters na segunda-feira. No entanto, o projecto de proposta prevê reduzir em 45% o objectivo para 2030 da capacidade instalada de electrolisadores para produzir hidrogénio verde. Portugal só agora está a dar os primeiros passos na instalação de electrolisadores e a produção de hidrogénio verde é quase nula.
O novo governo de centro-direita português vai divulgar o projecto de revisão do Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC) 2030 ainda esta segunda-feira que estará em consulta pública até 5 de Setembro, altura em que será enviado ao parlamento.
Os países europeus estão a apostar cada vez mais nas energias renováveis, especialmente depois de os preços do gás terem atingido níveis recorde em 2022, após a invasão russa da Ucrânia.
As energias renováveis abasteceram 61% do consumo de electricidade de Portugal em 2023, já um dos rácios mais elevados da Europa. Há um ano, o anterior governo socialista fixou o objectivo para 2030 em 85%. No passado mês de Junho, os dados divulgados pela REN – Redes Energéticas Nacionais indicavam que a produção renovável abasteceu 87% do consumo de electricidade nos primeiros cinco meses do ano e quase 70% em Maio.
De Janeiro a Maio, a produção hidroeléctrica abasteceu 43% do consumo, a eólica 30%, a fotovoltaica 8% e a biomassa 6%, detalhou em comunicado a gestora dos sistemas nacionais de electricidade e de gás natural. A ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, afirmou que a actualização do plano visa combater as alterações climáticas e garantir a segurança energética, bem como “atrair investimento e gerar competitividade”.
Há duas semanas, a ministra afirmou que o seu governo pretende aumentar o peso das energias renováveis para 51% das necessidades energéticas finais do país até 2030, em vez dos actuais 47%.
O projecto revisto mantém o compromisso de Portugal de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 55% em relação aos níveis de 2005 até 2030, uma meta estabelecida pelo anterior governo socialista há um ano, e o objectivo de alcançar a neutralidade carbónica até 2045.
A capacidade global instalada de energias renováveis aumentará para 42,9 gigawatts (GW) até 2030, ou seja, o dobro da capacidade em funcionamento em 2023, com 12,4 GW de energia eólica, incluindo 2 GW de energia eólica offshore, até 2030. O país tinha 5,9 GW de capacidade eólica em terra em 2023 e um pequeno projecto eólico flutuante de 25 megawatts ao largo da sua costa atlântica.
O projecto de proposta visa aumentar a capacidade solar instalada para 20,8 GW até 2030, contra 4 GW no ano passado.
No entanto, reduziu o objectivo dos electrolisadores para produzir hidrogénio verde para uma capacidade de 3 GW até 2030, contra os 5,5 GW estabelecidos em Junho de 2023. Estes absorveriam 8,6 GW de electricidade renovável.
Ainda assim, o projecto acrescenta que Portugal tem “condições muito favoráveis para a instalação de uma indústria de hidrogénio verde”, uma vez que a sua principal vantagem é o baixo custo da produção de electricidade renovável.