Vitória sobre Rafael Nadal leva Nuno Borges ao ponto mais alto
O tenista português venceu pelos parciais de 6-3 e 6-2, num encontro que durou uma hora e 27 minutos. Foi o primeiro título no ATP Tour para o número um português.
Rafael Nadal não pôde deixar de sorrir e aplaudir ao ver Nuno Borges improvisar um duche com a garrafa de espumante que acabara de abrir. O tenista português manifestava assim toda a alegria pela conquista do seu primeiro título no ATP Tour, após derrotar o melhor tenista do mundo em terra batida na final do Nordea Open. Um feito marcante na carreira do jogador da Maia, abrilhantada pelo estatuto do adversário e por lhe permitir ascender ao seu melhor ranking de sempre, o 42.º lugar.
Borges (51.º no ranking) entrou bem na final do Nordea Open, mas teve de aplicar-se para ganhar os jogos de serviço no set inicial, marcado por cinco breaks. Nadal venceu finalmente um jogo de serviço quando já perdia por 2-5 e deu sinais de querer contrariar o ascendente do maiato.
Sem fazer uma exibição deslumbrante, Borges soube ser acutilante em momentos decisivos e praticamente sentenciou o encontro quando, numa série de oito pontos em que ganhou seis, “quebrou” o espanhol e confirmou a vantagem de seguida, para comandar o segundo set, por 4-2. O público sueco bem puxou por Nadal, mas o maiorquino acusou a falta de competição e as 12 horas já passadas esta semana nos courts de Bastad e foi gradualmente cedendo, até Borges assinar o segundo ás e fechar o encontro com os parciais de 6-3, 6-2, ao fim de hora e 27 minutos.
“Já desejava este momento já há algum tempo e, no ténis, às vezes, chega quando menos esperamos. Todos queriam o Rafa a vencer (e uma parte de mim também queria), mas algo ainda maior dentro de mim puxou-me, através das emoções, dos altos e baixos. Não foi uma questão de jogar o meu melhor ténis, mas sim estar como queria nos grandes momentos e eu não podia ter lidado melhor”, revelou Borges, bastante emocionado.
O maiato foi o quarto tenista português a disputar uma final do ATP Tour, imitando Frederico Gil (uma), João Sousa (12) e Pedro Sousa (uma), mas apenas o segundo a ter sucesso, sucedendo a João Sousa, que conquistou quatro títulos no circuito principal: Kuala Lumpur (2013), Valencia (2015), Estoril Open (2018) e Pune (2022).
“Todos foram muito respeitadores, todos queriam que o Nadal ganhasse, mas não fizeram nenhuma maluqueira, foram todos muito simpáticos, a disfrutar de um excelente dia para se jogar ténis. Já amo Bastad, na primeira vez na Suécia, invencível”, brincou Borges. Mais tarde, nas redes sociais, frisou: “Ganhar ao Rafa Nadal em terra batida não é todos os dias.”
De facto, Borges faz agora parte de uma restrita lista de jogadores que derrotaram Nadal numa final em terra batida em dois sets, juntamente com Roger Federer, Novak Djokovic e Andy Murray.
Nadal não perdia uma final neste piso desde 2015 – no Mutua Madrid Open frente a Andy Murray – e deu os parabéns a Borges.
“Parabéns, jogaste muito bem durante toda a semana e mereceste este título mais do que ninguém. Desfruta do momento, porque ganhar um título é sempre muito especial e desejo-te o melhor para o resto da temporada”, elogiou o espanhol de 38 anos, após disputar a 131.ª final da carreira, primeira desde o torneio de Roland-Garros de 2022.
Nadal não competia desde que foi derrotado na ronda inaugural do torneio de Roland-Garros, por Alexander Zverev, e optou disputar um torneio ATP 250 para preparar-se para o torneio olímpico, que tem início em Paris, no dia 27 de Julho. E sai de Bastad, onde triunfou em 2005 e onde provavelmente não voltará enquanto jogador, com alguma confiança.
“Joguei muito mal na final. Não posso dizer que estou satisfeito com o meu ténis porque o nível de jogo esteve longe do que vinha fazendo nos treinos anteriores. Perdi só na final e ganhei rodagem. É importante para mim que o meu corpo tenha aguentado a exigência da semana”, salientou Nadal, após a 72.ª final que disputou em terra batida, piso onde conquistou 63 dos seus 92 títulos.
Quanto a Borges, abdicou de ir a Kitzbuhel (Áustria), onde era o sexto melhor tenista do Generali Open, preferindo descansar em Lisboa, antes de viajar para Paris. O calendário do tenista português para este Verão afigura-se bastante cheio, pois após os Jogos Olímpicos, Borges vai disputar, em Agosto, os dois Masters 1000 em Montreal e Cincinnati, antes de encerrar o circuito da América do Norte no US Open.