Tiago Mayan lança candidatura a líder da IL para “determinar políticas e influenciar a governação”

Fundador e ex-candidato presidencial garante não se candidatar “contra ninguém” e diz que o seu movimento já junta 400 membros. Quer mais comunicação e ambição nos resultados eleitorais.

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Tiago Mayan, aqui numa imagem de arquivo da convenção de 2023 que elegeu Rui Rocha. Nuno Ferreira Santos
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Não houve muitas críticas directas à liderança actual de Rui Rocha à frente da Iniciativa Liberal, mas elas estiveram implícitas no discurso em que Tiago Mayan Gonçalves anunciou formalmente, este sábado, a sua candidatura a presidente do partido e defendeu a necessidade de uma "mudança" no rumo da estrutura liberal. Mayan Gonçalves, que foi um dos seus fundadores, pretende que, consigo, a IL seja "aberta, activa e ambiciosa" e que consiga "determinar políticas e influenciar governações". Hoje, o partido tem oito deputados na Assembleia da República mas não conta, aritmeticamente, para ajudar o PSD, e Mayan recusa resignar-se com a "estagnação" evidenciada em todos os recentes resultados eleitorais do partido.

As eleições para a liderança da IL só acontecem no início do próximo ano, numa convenção electiva e, apesar do anúncio este sábado, já se sabia que esta era a intenção de Mayan desde há vários meses: em Abril lançou o manifesto Unidos pelo Liberalismo, uma declaração pública de princípios e intenções de um novo rumo para o partido, e ​que era o primeiro passo de agremiação de apoiantes. Na prática, foi boa parte desses princípios que o ex-candidato dos liberais à Presidência da República e actual presidente da Junta de Freguesia de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, no Porto, usou no seu discurso. E prometeu verter essas ideias na moção de estratégia global com que se apresentará a eleições. "Não nos candidatamos contra ninguém", garantiu Mayan, admitindo, porém, que o partido "está aquém" do que este movimento quer.

O movimento alternativo que criou dentro da IL é "positivo, competente e agregador" e "não pretende dividir"; participou de "forma construtiva" nas campanhas eleitorais e na última convenção organizada para rever os estatutos mas acabou por não conseguir fazê-lo tais foram as divisões , e conta com "mais de 400 membros", descreve Mayan. Que pretende "restabelecer na estrutura e na cultura do partido os princípios liberais que estiveram na sua génese", nomeadamente "o mérito, o pluralismo, a transparência e a liberdade de expressão individual". "O partido tem de recuperar convictamente a defesa dos ideais liberais."

No que toca à organização interna, Mayan quer mais cooperação entre todos os órgãos, núcleos e membros, implementando "mecanismos que garantam transparência e partilha de conhecimento no partido" e as condições "para uma competição saudável das ideias do partido". Também promete reforçar a autonomia dos núcleos territoriais, incluindo a financeira e de decisão, e insiste na necessidade de uma estratégia de comunicação "arrojada e profissional" uma área em que a IL sempre se evidenciou. Os críticos, onde se inscrevem Mayan e Carla Castro, que concorreu contra Rocha e já saiu do partido, têm apontado como principal problema a falta de transparência e de diálogo dentro do partido.

O agora candidato quer tornar a IL "aberta, activa e ambiciosa" para conseguir crescer e "determinar políticas e influenciar governações". Considera que o partido não se pode limitar à bandeira da descida de impostos, que deve comunicar de uma forma mais directa, incidindo no impacto que as suas propostas terão na vida dos cidadãos, assim como sair das zonas urbanas de Lisboa e do Porto e perceber a "multiplicidade" de necessidades e aspirações das populações para construir o seu programa. Na prática, ter uma "amplitude" de propostas e uma "política transversal" que permitam falar para todos. "Só assim seremos capazes de crescer com ambição, influenciar políticas públicas e ser governo para transformar Portugal", apontou.

Tiago Mayan escolheu algumas áreas onde a IL deve apresentar as suas "políticas concretas". Na saúde, o partido deve apostar no aproveitamento das infra-estruturas do SNS e administrações regionais e em serviços de proximidade, promover concorrência na prestação de cuidados, pública e privada. Na educação, garantir professores para todos os alunos no arranque das aulas e ter recuperação de aprendizagens. Liberalizar e flexibilizar a contratação na reforma laboral; reforçar o sistema de pensões com a vertente da poupança individual; levar serviços da administração pública para o interior e discutir a regionalização, mas para "eliminar camadas de Estado"; fazer orçamentos de base zero na administração pública.

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