Reino Unido vai retomar financiamento da UNRWA

O Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico confirmou que o Reino Unido vai enviar cerca de 25 milhões de euros para a agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos.

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O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e o ministro do Negócios Estrangeiros, David Lammy CHRIS J. RATCLIFFE / POOL / EPA
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Seis meses depois de anunciar a suspensão, o novo Governo do Reino Unido vai retomar "imediatamente" o financiamento da UNRWA, a agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos, anunciou esta sexta-feira o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, David Lammy.

O anúncio foi feito durante um debate parlamentar na Câmara dos Comuns britânica, em que Lammy afirmou que a ajuda humanitária é "necessidade moral perante uma catástrofe destas" e que são as agências humanitárias que asseguram "que o apoio do Reino Unido chega aos civis no terreno".

Na rede social X, o Ministério dos Negócios Estrangeiros confirmou que o Reino Unido iria acabar com a "pausa no financiamento" à agência das Nações Unidas, anunciando o envio de perto de 25 milhões de euros para a UNRWA de modo a "apoiar a resposta humanitária em Gaza, prestar serviços essenciais aos refugiados em toda a região e aliviar o sofrimento dos civis".

Aos deputados, o ministro sublinhou que a UNRWA é "absolutamente central nestes esforços" de assistência porque mais nenhuma organização tem a capacidade de distribuição que a agência das Nações Unidas tem.

"Nenhuma outra agência consegue prestar ajuda à escala necessária. Já está a alimentar mais de metade da população de Gaza. Será vital para a futura reconstrução e presta serviços essenciais aos refugiados palestinianos na região", disse David Lammy.

O anterior governo do Reino Unido, liderado por Rishi Sunak, tinha decidido suspender o financiamento do país direccionado para a UNRWA em Janeiro, juntamente com 16 outros países, incluindo os Estados Unidos e a Alemanha. A justificação da suspensão baseou-se alegações levantadas por Israel, que tinha acusado mais de dois mil funcionários da agência de terem colaborado com as forças do Hamas durante o ataque do dia 7 de Outubro a território israelita.

No entanto, após a divulgação do relatório da investigação independente liderado pela antiga ministra francesa dos Negócios Estrangeiros Catherine Colonna sobre a neutralidade da UNRWA, que disse que não havia provas para sustentar as alegações israelitas e sublinhou a importância da agência no apoio humanitário na Faixa de Gaza, os países que suspenderam foram anunciando, aos poucos, a retoma do financiamento.

Até agora, só o Reino Unido e os Estados Unidos restavam na lista de estados que tinham parado de financiar a agência das Nações Unidas, ficando os EUA, os maiores financiadores individuais da agência, sozinhos na suspensão do financiamento da UNRWA.

"Estamos convictos de que, após a análise independente de Catherine Colonna, a UNRWA está a garantir que cumpre os mais elevados padrões de neutralidade e a reforçar os seus procedimentos", afirmou David Lammy no Parlamento, que diz ter ficado "chocado" com as alegações levantadas por Israel mas ressalva que "a ONU levou estas alegações a sério".

"A UNRWA já agiu, parceiros (que tinham suspendido o financiamento) como o Japão, a União Europeia e a Noruega também já agiram, este Governo também vai agir", acrescentou ainda o ministro.

A política em relação à situação na Faixa de Gaza do novo Governo do Partido Trabalhista (Labour, em inglês) liderado pelo primeiro-ministro Keir Starmer alterou-se face ao executivo conservador que o antecedeu, a que se juntou a pressão interna que conduziu a algumas derrotas em círculos eleitorais diante de opositores maioritariamente independentes.

No passado dia 15 de Julho, David Lammy pediu um "cessar-fogo imediato" numa visita a Israel e aos territórios ocupados na Cisjordânia, onde se reuniu no domingo com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e com o primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana, Mohammed Mustafa.

"A morte e a destruição em Gaza são intoleráveis. Esta guerra tem de acabar já, com um cessar-fogo imediato, respeitado por ambas as partes", disse o ministro, num comunicado emitido durante a visita.

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