O centenário Chalet Mayer de Sintra vai ser um hotel de charme
Propriedade na Estefânia de Sintra, marcada ao longo do séc. XX pela família Mayer, particularmente pelos irmãos Augusto e Ivo, foi vendida a “um cliente internacional” por mais de um milhão de euros.
O Chalet Mayer, próximo do centro da vila e incluído na área de reabilitação urbana do centro histórico de Sintra, classificado como edifício de conservação, foi vendido "por um valor que superou a marca do um milhão de euros", anunciou a mediadora imobiliária Coldwell Banker em comunicado. O destino do conjunto projectado no séc. XIX também foi anunciado pela empresa: "Vai ser transformado num boutique hotel".
Sendo um dos edifícios icónicos da vila, o Chalet Mayer, para além do tradicional ambiente romantizado local, tem a marca histórica de ter pertencido à família Mayer, já no séc. XX.
Erigido no final do séc. XIX, foi projectado pelo italiano Luigi Manini, que além de arquitecto, cenógrafo e pintor marcante na história de vários teatros - do São Carlos, do Teatro Nacional e do São Luiz, por exemplo - acabaria por assinar obras de relevo pelo país (caso do Palácio Hotel do Bussaco), imbuídas do seu espírito teatral e operático. E foi um cenógrafo da Sintra Romântica: desenhou o marcante palácio e jardins da Regaleira, as Vilas Relógio e Sassetti, a casa do jardineiro do recentemente recuperado Chalet Biester; mas também colaborou noutras obras por Cascais, como o actual Museu-Biblioteca Condes de Castro Guimarães.
O Chalet Mayer, terminado em 1897, ficou marcado pela família de José Mayer, que o adquiriu em 1927. Seria herdado pelos filhos, Augusto e Ivo Mayer, dois nomes marcantes da história do jazz em Portugal: integraram o grupo de sócios fundadores do Hot Club, com Luiz Villas-Boas. O primeiro fez muita fotografia histórica do jazz em Portugal e o segundo foi pianista, dois irmãos unidos, ambos falecidos em 2012: Augusto morreu um dia depois de Ivo.
Na ficha de venda do imóvel, resumida pela Coldwell Banker, indica-se que a propriedade "encontra-se inserida em lote de 1337m2, composto por três edifícios: edifício principal (chalet), com um total de sete quartos, área bruta privativa 459m2; edifício secundário (anexo), com um total de quatro apartamentos, área bruta privativa 380m2; edifício secundário (anexo), com um total de dois apartamentos, área bruta privativa 84m2".
Sobre o futuro do chalet-hotel, para já sabe-se apenas que "acaba de ser vendido" e que "ainda não foi elaborado nenhum estudo detalhado sobre os futuros planos". Porém, garante-se, "será objecto de obras de reabilitação destinados a preservar a identidade e integridade do edifício". O comprador ou futura chancela hoteleira não foram revelados: "O que podemos avançar é que o investidor é um cliente internacional", adiantou à Fugas a imobiliária, salientando o dever de confidencialidade.
"A informação que temos de momento é que as obras vão iniciar com os edifícios secundários, que têm entrada independente, fazendo suítes nesses dois anexos", avança ainda a empresa, rematando que, "de seguida", "o trabalho de remodelação irá passar pelo chalet", o que consistirá "a maior parte do trabalho".