Candidata macronista reeleita presidente da Assembleia Nacional francesa
Yaël Braun-Pivet foi reconduzida no cargo de presidente da Assembleia Nacional francesa, numa votação que teve de ir a uma terceira volta.
Em França, o primeiro desenho de como irão organizar-se as forças políticas depois das legislativas este ano foi traçado. A deputada e presidente cessante da Assembleia Nacional, Yaël Braun-Pivet, da coligação Juntos, foi eleita novamente para a presidência da câmara baixa do Parlamento francês, numa votação realizada esta quinta-feira na primeira sessão da nova legislatura eleita a 30 de Junho e 7 de Julho.
A presidente na legislatura anterior venceu a terceira volta da votação, tendo obtido 227 votos contra os 207 obtidos por André Chassaigne, deputado do Partido Comunista Francês (PCF) apoiado pela Nova Frente Popular.
Braun-Pivet, deputada desde 2017, mantém-se assim no cargo como presidente da Assembleia Nacional, recebendo o apoio da coligação centrista macronista Juntos, assim como dos Republicanos, partido da direita que recusa apoiar a União Nacional de Marine Le Pen.
"Esta eleição é mais importante para mim do que a de 2022 e vou dedicar toda a minha energia a trabalhar para os franceses", afirmou a presidente reeleita, para quem devem ser procuradas "novas soluções" com"novos métodos" naquela que considerou ser uma "Assembleia Nacional que é talvez, mais do que nunca, mais representativa do povo francês".
À primeira volta, o vencedor da votação no hemiciclo foi André Chassaigne, com 200 votos. Para além do deputado comunista e da presidente reeleita, candidataram-se nesta ronda outros quatro candidatos, Sebastien Chenu, da União Nacional, Philippe Juvin, da Direita Republicana (novo nome do grupo parlamentar d’Os Republicanos), Naïma Moutchou, do Horizontes (partido da coligação macronista) e Charles de Courson, membro de um grupo parlamentar que agrupa pequenos partidos com várias orientações políticas entre o centro-esquerda e o centro-direita.
Porém, as desistências dos candidatos dos Republicanos e do Horizontes causaram uma reviravolta na segunda volta, com Braun-Pivet a superar o candidato da esquerda, obtendo 210 votos contra 202. Nesta ronda, a candidata macronista conseguiu mais 86 votos que na primeira volta, equivalente à soma dos votos obtidos pelos candidatos que desistiram, não chegando porém à maioria absoluta necessária nas duas primeiras rondas. Foi com a desistência de Charles de Courson, que tinha obtido somente 12 votos na segunda ronda, que Braun-Pivet pôde ser reeleita, com maioria relativa.
A contribuição dos votos da Direita Republicana para a vitória do grupo parlamentar da candidata da coligação macronista pode ser um sinal do que será um possível acordo entre ambas as forças partidárias para a formação do próximo governo francês.
Laurent Wauquiez, líder parlamentar do grupo da Direita Republicana, recusa a participação do partido num governo de coligação, mas está disposto a acordar “um pacote legislativo” com as forças de Macron, para impedir "que a França Insubmissa tome o poder".
A vontade de colaborar com outros partidos moderados foi espelhada pelos macronistas. O primeiro-ministro cessante e líder do Juntos, Gabriel Attal, numa entrevista realizada à televisão francesa TF1 na terça-feira, admitiu que iria "propor reuniões com os outros grupos políticos, com excepção dos extremos, para avançarmos para este pacto de acção para o povo francês", excluindo a França Insubmissa e a União Nacional.
À esquerda, a Nova Frente Popular, coligação das esquerdas que venceu a segunda volta das eleições legislativas, sofre um golpe com a derrota do seu candidato único, numa altura em que o nome que vão propor para liderar possível Governo ainda é desconhecido.