Do Ford Model T ao Toyota Prius ou ao minúsculo Smart, na história do automóvel há alguns modelos que podem reclamar o estatuto de terem revolucionado o seu sector ou a forma como os condutores encaram a mobilidade. No caso do Volkswagen Golf, nascido em 1974, ano em que por cá se derrubava um regime ditatorial de 41 anos, o modelo também viria a encetar uma revolução, transformando-se em referência entre os familiares compactos.
Apresentado no Salão de Frankfurt, o Golf tinha como missão substituir o lendário Carocha, mas acabaria por se revelar mais uma evolução (e o Carocha ainda se manteve no portefólio da marca alemã por mais umas décadas). E chegou com uma série de características que lhe permitiam vingar pela diferença. Primeiro, pela ideia de funcionalidade, com um porta-bagagens com um acesso de largas dimensões, sendo ainda possível aumentar a volumetria pelo rebatimento dos bancos traseiros. Depois, na arquitectura: chegava com motor e tracção dianteiros. E, por fim, no design saído da pena de Giorgetto Giugiaro, nome que se cruza com outros modelos icónicos, como os Fiat Uno e Punto ou o Alfa Romeo 2000, que privilegiou as linhas rectas, que lhe sublinhavam o sentido prático. A receita deu frutos: o primeiro milhão de unidades vendidas foi registado em 1976 (ao cabo de 50 anos, somam-se mais de 37 milhões de veículos).
Sem se sentar sobre os louros, o Golf foi sabendo adaptar-se aos tempos: na década de 1980, cresceu para responder aos desejos dos clientes e abraçou uma variante de tracção integral, uma estreia no segmento para a VW, que lhe assegurava o título de hot hatch que alguns já lhe tinham atribuído, mais ainda quando apresentou o “sonho” do GTI; no arranque dos 90, voltou a crescer, apresentou-se pela primeira vez com motor Diesel, introduziu uma carrinha familiar, além de ter renovado o cabrio da primeira geração, e voltou a apostar no GTI, para no final da década optar por uma nova geração, que não conseguiu os mesmos elogios rasgados que a que substituiu e que foi Carro do Ano Europeu.
O Golf voltou às boas graças, em 2004, com a chegada da quinta geração, que integrava na gama o GTI de 200cv, e foi preciso esperar pelo fim da década para se assistir à chegada de nova fornada, que reforçava as qualidades da anterior e apresentava o primeiro Golf R, com 270cv, que cresceram para 300cv na geração seguinte, lançada em 2012, além de ter sido recuperada a aura do GTI, com 220cv, e o modelo abraçava novas tecnologias com o GTE electrificado.
A oitava geração, lançada em 2020, dedicou-se a revolucionar o habitáculo e a panóplia de tecnologias propostas. E, depois do escândalo das emissões, e respectivas consequências, o 1.6 TDI foi descontinuado, ainda que os Diesel se tenham mantido. Mas a aposta voltou-se sobretudo para soluções mild-hybrid aplicadas aos blocos a gasolina, apoiadas na tecnologia de 48V.
Agora, em ano de aniversário, a VW aproveita para “lavar a cara”, com “o design visualmente refinado, novos sistemas de assistência e novos grupos motopropulsores, bem como sistemas de infoentretenimento e de software da próxima geração” (o lançamento em Portugal está previsto para o terceiro trimestre).
Enquanto esse novo Golf não chega, há versão de equipamento de aniversário, com climatização de três zonas, cruise control adaptativo, câmara traseira, vidros traseiros escurecidos e jantes de liga leve de 17 polegadas, além de algumas tecnologias que costumam estar nos opcionais (desde 30.123€, com o 1.5 TSI de 115cv).
O mais potente
Para lá do modelo de aniversário, as atenções, por estes dias, também se voltam para o novo Golf R, que chega mais potente e rápido do que nunca, ao mesmo tempo que, afiança o emblema alemão, se revela extremamente ágil, muito graças ao sistema de tracção integral 4Motion com R Performance Torque Vectoring, que pode distribuir o binário de forma variável entre as duas rodas traseiras.
O Golf R é animado por um motor de injecção directa turbo (TSI) de quatro cilindros e 1984 cm3, acoplado a uma caixa de velocidades automática de sete velocidades (a DSG, com provas dadas) e a debitar 333cv e com um binário máximo de 420 Nm, disponível entre as 2100 e as 5500 rpm.
Para apoiar o condutor a adaptar o automóvel às condições apresentadas, o Golf R conta com sete perfis de condução: cinco de série (Eco, Comfort, Sport, Race e Individual) e dois com o pacote Performance (Special e Drift).
Para maior exclusividade, será lançado o Golf R Black Edition, com jantes Estoril pretas de 19 polegadas (jantes Warmenau forjadas de 19 polegadas em preto disponíveis como equipamento opcional), emblemas e logótipos R escurecidos da Volkswagen, pinças de travão R pretas com um logótipo R escuro e ponteiras de escape pretas. Os novos faróis LED IQ.Light escurecidos são também de série.