Número de transacções de casas cai em 2023 para mínimo de seis anos

Negócios de compra e venda de casa recuaram mais de 10% em número de contratos, valor global das transacções e em avaliações feitas pelos bancos, diz o INE. Preço mediano aumentou 8,6%.

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Foi na habitação nova que se registou o único aumento no valor de alojamentos familiares transaccionados Manuel Roberto
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Menos avaliações de imóveis para habitação, menos contratos e valor final menor – o ano de 2023 viu o mercado de compra e venda de casa diminuir em Portugal, de acordo com os dados disponibilizados esta quinta-feira pela publicação Estatísticas da Construção e Habitação 2023, do Instituto Nacional de Estatística (INE).

Segundo os dados finais relativos ao conjunto do ano passado analisados pelo INE, houve no mercado nacional a transacção de 136.499 imóveis de alojamento, o que representou uma redução de 18,7% face a 2022.

O número anual de negócios realizados em 2023 corresponde igualmente, destaca o INE logo no título da comunicação agora divulgada sobre as estatísticas, “ao registo mais baixo desde 2017”.

A maioria das vendas, nomeadamente 108.380 transacções ou 79% do número total, foi de casas já existentes, com a entrada de habitação nova no mercado a representar uma minoria de menos de 21%.

O INE salienta que “a redução do número de transacções” foi observada “em ambas as categorias” nos imóveis residenciais, tendo, contudo, “sido mais intensa no caso das [habitações] existentes”. Em pormenor: os negócios envolvendo casas em segunda mão sofreram uma redução de 21,4%, enquanto as de habitação nova decresceram 6,1% em 2023, face ao ano anterior.

No período de 12 meses terminados em Dezembro passado, “o valor das habitações transaccionadas em 2023 fixou-se em 28 mil milhões de euros”. O montante representa “uma redução de 11,9%” face a 2022, com os negócios de imóveis residenciais já existentes a representar 71,7% (20,1 mil milhões, e menos 16,5% face ao ano imediatamente anterior). Já nas habitações novas que vieram para o mercado, o valor de 7,9 mil milhões de euros representou uma subida de 2,6% face a 2022.

Consequência, em parte, da diminuição do número de transacções, as avaliações solicitadas à banca comercial a fim de obter crédito à habitação também sofreram uma redução. Contabiliza o INE em 106.300 as avaliações bancárias “efectuadas por peritos ao serviço das instituições bancárias no âmbito da concessão de crédito à habitação”, realçando o instituto que estes dados decorrem de um inquérito que “cobre actualmente sete instituições financeiras que representam a grande maioria do montante total de crédito concedido para a aquisição de habitação em Portugal”. O desempenho deste indicador em 2023 representa uma diminuição de 11,3%.

Apesar da redução homóloga, o peso das avaliações associadas à concessão de crédito no universo total do mercado de compra e venda de casas aumentou para o número mais elevado em 13 anos. Em 2023, o número de avaliações realizadas “representou 77,% do total das transacções de alojamentos familiares, mais 6,5 pontos percentuais” por comparação com 2022 – “a percentagem mais elevadas desde 2010”, salienta o INE.

Em sentido contrário, o preço da habitação aumentou a nível nacional. No ano passado, o preço mediano de alojamentos residenciais subiu 8,6%, para 1611 euros por metro quadrado, com o município de Lisboa a registar, no mesmo período em análise, um valor 2,5 vezes superior: 4167 euros por metro quadrado.

Alargando a análise para os nove municípios que compõem a Grande Lisboa, o valor mediano encontrado foi de 2740 euros por metro quadrado.

O INE sublinha que as regiões do “Algarve [2613 euros por metro quadrado] e a Grande Lisboa apresentaram [em 2023] diferenciais de preços entre municípios superiores a 2000 euros por metro quadrado”; e que no ano passado, “50 municípios apresentaram um preço mediano superior ao valor nacional”, os já referidos 1611 euros por metro quadrado.

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